Veep: Julia Louis-Dreyfus, a eterna Elaine, de “Seinfeld”, é a vice-presidente e depois candidata presidencial norte-americana cuja fome de poder, como em qualquer lugar do mundo, a faz mandar por diversas vezes os escrúpulos às favas, como naquela frase famosa que precedeu a decretação do AI-5 aqui no Basil. Paralelos entre o que se viu ao longo das sete temporadas da série da HBO e a campanha eleitoral de 2020 nos Estados Unidos foram pescados pelos espectadores, como quando Selina Meyer, a personagem de Julia, pede interrupção da contagem de votos em Nevada – “meu estado”, diz –, onde ela planejava uma cerimônia de posse com direito a show de Billy Joel. David Mandel, produtor-executivo da série, disse que “se há alguém que é [Donald] Trump, é Selina”.
The Crown: a ascensão da rainha Elizabeth II ao trono britânico no começo dos anos 1950 e os personagens que desde então a orbitam, como o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, Lady Di e outros membros da Corte, dão argamassa e entrecho histórico a esta série de quatro temporadas do Netflix. A quarta temporada exibe momentos cruciais da história contemporânea, como o casamento de Charles com Diana, a Guerra das Malvinas – ou Falklands – com a Argentina e a sofreguidão com que a Dama de Ferro, a primeira-ministra Margareth Thatcher, quis implantar sua agenda neoliberal nos anos 1980 à custa do desmantelamento de estruturas sindicais e direitos trabalhistas.
The West Wing: criada e roteirizada pelo incensado Aaron Sorkin, a série se passa numa ala da Casa Branca e tem como protagonista Josiah Bartlet, fictício presidente democrata norte-americano interpretado por Martin Sheen. Em 1999, no primeiro ano de suas sete temporadas, conquistou 9 prêmios Emmy. Bartlet, ex-senador e ex-governador do estado de New Hampshire, conquista a indicação democrata contra todos os prognósticos – sua deficiência física, é bem verdade, o ajuda na vitória eleitoral. Batalhas travadas com a Suprema Corte e as dificuldades para se lançar na campanha de reeleição marcam os últimos anos da produção.
Os 7 de Chicago: Aaron Sorkin volta à carga nesta bela e hypada produção do Netflix, também dirigida por ele. Sarkin parte do longuíssimo e famoso julgamento de um grupo de ativistas e pacifistas contra a Guerra do Vietnã que acabaram detidos após uma conflagração com a polícia durante a convenção democrata de 1968, em Chicago. A polícia atuou muito violentamente, e o promotor escalado para o caso tentou impingir aos ativistas a culpa pelo conflito. Um membro dos Panteras Negras foi arrolado no mesmo julgamento, e, por estar sem seu advogado negro, acabou tentando fazer sua própria defesa, mas o juiz, intransigente, ordenou que ele fosse amodarçado e preso à cadeira durante algumas sessões. A vida não seria longa para alguns réus. Abbie Hoffmann (interpretado no filme por Sasha Baron Cohen), o fundador do partido Yippies, se suicidou aos 52 anos; Tom Hayden, o mais prolífico dos ativistas, que lançou duas dezenas de livros, teve curta carreira política institucional e foi casado com Jane Fonda, morreu aos 76.