Fenômeno das campanhas políticas em 2018, as redes sociais perderão espaço nas eleições do ano que vem? PODER Online ouviu especialistas na tentativa de responder a essa pergunta. A essa e a outras: eles também falam de regulamentação no Congresso e sobre o cansaço com a epidemia de fake news.
Para Diogo Rais, professor de direito eleitoral do Mackenzie (SP), que estuda o assunto há uma década, a expectativa de que dois projetos freassem o uso indiscriminado das redes para uso político pode, pelo contrário, estimular o uso da internet nas campanhas.
“Houve a aprovação do novo código eleitoral da Câmara, sem aprovação do Senado. Ele estreita a flexibilidade das redes sociais, mas, com certeza, não valerá para a próxima eleição. Muita expectativa foi concentrada nisso. Depois, veio o PL 2630, o projeto das Fake News. Aprovado no Senado, aprovado pelo grupo técnico da Câmara, liderado por Orlando Silva, com relatório substitutivo, precisa voltar ao Senado. Também não deverá ficar pronto as eleições de outubro.”
Tudo o que altera o processo eleitoral precisa estar em vigor um ano antes das próximas eleições, daí o problema apontado por Rais. Existe a possibilidade de o TSE mudar excepcionalmente esse entendimento, mas, segundo Diogo, “as últimas definições da Corte foram extremamente conservadoras, implementando poucas mudanças no ambiente digital. E, do que foi feito, muito é sobre a adaptação de normas para a proteção de dados.”
Ele acredita, portanto, que as redes continuarão sendo o maior instrumento de campanha de 2022. “Enquanto estiverem presentes nas nossas vidas, redes sociais terão papel importante na política. Por meio da regulação, você consegue limitar algumas coisas. Mas para mudanças bruscas, precisaríamos de uma norma. E os efeitos colaterais não somem com as mudanças na internet. Quanto menos internet, menos informação. Reduzir internet nas eleições distancia ainda mais os candidatos dos eleitores, o que é ruim para a a democracia.”
Especialista em teoria da computação, Marcos Pires, professor da Universidade de Brasília (UnB), por outro lado, acredita que o uso das redes sociais pode declinar. “A grande quantidade de fake news noticiadas nos últimos anos, tanto por parte da situação quanto da oposição, mostram que os veículos tradicionais, que checam informações antes de publicar, podem voltar a ser o lugar aonde buscar informação de verdade.”
Para Pires, o funcionamento das redes sociais na política mostra só um lado da história: “Você usa a melhor foto, faz uma legenda inspiradora e trata aquilo como verdade. E, às vezes, nem é o lado mais importante”, conclui, aconselhando os candidatos “a investir em oratória para debater ao vivo” e a falar com seu eleitor da maneira a mais natural possível.