Durante o discurso que encerrou o show cafona da filiação de Jair Bolsonaro ao PL nesta terça-feira (30), o senador Flávio 01 Bolsonaro, que também aderiu ao partido de Valdemar Costa Neto, não citou o nome do ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a soldo de empresas que ele mesmo julgou Sergio Moro, mas não foi preciso: só um personagem cabia no figurino.
Zero Um disse: ‘A política pode até perdoar traição, mas não perdoa o traidor. E traidor é aquele que humilha uma mulher, que expõe publicamente uma pessoa pensando no poder, porque o convidou para ser o padrinho de casamento”, numa alusão cristalina ao casamento da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que teve Moro como padrinho.
(A parte da mulher, sem a menção ainda do “padrinho”, poderia ter suscitado arrepios no dono do PL.)
O senador também disse que “traidor é aquele que por ação ou omissão interfere na Polícia Federal…”, frase que até esse ponto poderia caber ao próprio pai, mas 01 complementou: “…num governo conservador, em que havia uma orientação superior para facilitar às pessoas adquirir armas de fogo para autodefesa.”
A maneira como 01 e aliados tributaram Moro nesta terça rebate de alguma forma o noticiário da manhã. Apesar dos muitos apesares, Moro ainda é bem-quisto por quinhões da mídia, e o presidenciável do Podemos amanheceu esta terça em forma, digamos, com seções de seu livro de “memórias”, Contra o sistema de corrupção, transcritas pelos principais órgãos de imprensa.
Em outro campo, no Twitter, em duas postagens mais relevantes, o ex-ex-ex se viu compelido a mais uma vez defender a Lava Jato, falando sobre o montante recolhido em multas – nenhuma palavra sobre perdas financeiras advindas de negócios desfeitos; mais tarde, aproveitou para chamar o PT de “negacionista da corrupção”.