Medalhista olímpico Hailé Gebrselassie quer guerra

Haile Gebrselassie || Crédito: IFPRI

Seria como se Pelé decidisse lutar com os pracinhas caso ele já fosse o rei do futebol em 1940; herói africano decide combater guerrilheiros por “ameaça a existência da Etiópia”

Seria como se Pelé se juntasse aos pracinhas na campanha da Itália caso ele já fosse o rei do futebol no começo da década de 1940. Um dos fundistas mais consagrados do mundo, o etíope Haile Gebrselassie, de 48 anos, anunciou na quarta (24) que pretende ir para a região do rio Tigré, em seu país, onde guerrilheiros separatistas do Tigray Peoples Liberation Front lutam contra as forças nacionais.

A decisão do medalhista de ouro nos 10 mil metros dos Jogos de Atlanta e de Sydney e quatro vezes vencedor da maratona de Berlim, entre tantos outros feitos, se deve, segundo ele, a uma “ameaça à existência da Etiópia”. Gebrselassie segue o primeiro-ministro de seu país, Abiy Ahmed, que disse também pretender se deslocar para o teatro de operações e combater os insurgentes. Ambos anunciaram o gesto grandiloquente após o comando do TPLF anunciar que irá marchar sobre Adis Abeba, a capital etíope.

Há cerca de um ano uma crise humanitária se instalou na região, com a fome campeando e milhões tendo de migrar. O quadro se agravou com a resposta das forças nacionais.

Ahmed ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2019 por conseguir terminar um conflito de duas décadas com a vizinha Eritreia, mas vem sendo muito criticado pela maneira beligerante como conduz o conflito doméstico.

Curiosamente, a última postagem do ex-fundista em sua conta no Instagram mostra-no confortável e à vontade exibindo sua própria marca de café.