Hostilizado por manifestantes no aeroporto de Brasília, que o chamaram de “juiz ladrão” na quarta-feira (4), e riscado da agenda de autoridades, o ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, não teve um começo exatamente brilhante em seu primeiro tour de pré-campanha presidencial.
Sem traquejo político, mesmo após um ano conhecendo os intestinos de Brasília, Moro agendou para o mesmo dia da votação da PEC do Calote pela Câmara Federal encontros com parlamentares e com o general Santos Cruz, outro ex-ministro de Bolsonaro. A agenda, claro, gorou.
A falta de consenso da bancada fez com que o encontro de Moro com integrantes do PSL fosse cancelado. No Podemos, que deverá formalizar a filiação de Moro na próxima quarta-feira (10), a preocupação com a PEC foi maior. Apenas o líder Leo Moraes (RO) e o vice, José Nelto (GO), compareceram ao encontro com o ex-juiz.
A semana de Moro ganhou conotações burlescas com o depoimento de Bolsonaro à Polícia Federal no inquérito que apura manietação da própria PF pelo presidente. Bolsonaro disse que Sergio Moro teria concordado com a substituição do então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, pelo diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem, desde que ela fosse feita depois de sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Com o flanco descoberto, emitiuy nota dizendo não trocar “princípios por cargos”. “Se assim fosse, teria ficado no governo como ministro.”
Sempre lacônico no Twitter, Moro acrescentou duas postagens nos últimos três dias, ambas com inconfundível sabor de campanha. Na primeira, com foto de bombas de gasolina e seus preços enlouquecidos, fez uma crítica à implosão do Teto de Gastos; a segunda, deu espaço para um pôster de campanha com a previsível bandeira brasileira. Sobre ela, o sobrenome em tipologia pesada e o slogan, em letra cursiva, aludindo a um “Brasil justo para todos”.
— Sergio Moro (@SF_Moro) November 5, 2021
Na tarde desta sexta (5), o jornal O Globo disse que o ex-juiz ainda teve encontros com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, com seu homólogo no Novo e também com o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que permanece um apoiador, a despeito do entendimento, pelo STF, de que o ex-juiz foi parcial ao julgar o ex-presidente Lula no mais rumoroso processo da Lava Jato.