O plano de recuperação extrajudicial coordenado em 2020 pelo então VP do banco Santander, Mario Leão, e firmado pela Restoque, dona de marcas como Le Lis Blanc, Rosa Chá, Dudalina e John John, tinha tudo para dar certo. Tinha. O grupo renegociaria R$ 1,5 bilhão em dívidas e ainda aumentaria seu capital em R$ 150 milhões até o final de 2021. O acordo ficou para as calendas gregas.
Em cinco semanas, o Santander correu para alinhar a proposta com as partes interessadas e o documento foi deferido pelo juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª vara de falências e recuperações judiciais de São Paulo.
A torcida na assinatura era unânime para que a confecção, presente no mercado desde 1982, atravessasse a pandemia e ainda ganhasse fôlego para seguir em frente. “As marcas são muito importantes para o mercado. O que eles construíram nos últimos anos precisa ter peso em qualquer tomada de decisão do setor financeiro”, desabafou uma famosa estilista.
Porém, o prazo de carência venceu e a Restoque ainda não sinalizou com o valor esperado. A empresa, que já teve em suas passarelas Marina Ruy Barbosa, Mariana Rios, Preta Gil e Donata Meirelles, é atualmente responsável por mais de 10 mil empregos diretos, criados pelos acionistas Marcelo Lima e Márcio Camargo.
O êxito da ideia de Mário Leão – que assumirá a presidência do Santander Brasil em 2022 –, operacionalizada por Rafael Pereira, Superintendente de Corporate com mais de 12 anos de empresa, asseguraria a continuidade de todos os colaboradores, o que não deverá mais acontecer. “As ideias ruins do Mário e a falta de credibilidade do arrogante Rafael não ajudam nenhuma negociação”, afirma um alto executivo do varejo.
Preservar empregos não é a especialidade do Santander. No início da pandemia o banco firmou um acordo público com o Sindicato dos Bancários de São Paulo de não demitir seus funcionários durante a crise. Contudo, desligou mais de 3 mil pessoas no período.
“Vamos transformar a Restoque em um marco”, afirmou Leão na época do acordo. A nova torcida do mercado é que esse “marco” não seja o fim do setor de vestuário do Brasil.