As previsões furadas, os erros em escala macroscópica – “Com R$ 3 bi, R$ 4 bi, R$ 5 bi, a gente aniquila o coronavírus”, disse em 2020, um equívoco até aqui de pelo menos 200 vezes –, as frases preconceituosas e o recurso fácil de dizer que suas palavras são reiteradamente “retiradas de contexto” deveriam descredenciar Paulo Guedes para todo o sempre.
Acontece que este país, como na frase historicamente creditada a um líder francês, bem, vocês já sabem.
Mas o ministro da Economia não satisfeito em errar a granel, tenta também jogar a culpa pelas lambanças do “time” no colo dos outros. Nesta sexta (1º), ele procurou afirmar que o governo estava ao lado dos “vulneráveis” e criou uma falsa dicotomia com o pagamento de precatórios – algo que o governo não se programou para fazer em 2022 e que impediria uma melhora no valor do Bolsa Família (ou o nome bolsonarista que vier a ser implantado).
“Temos que escolher: vamos pagar os mais frágeis e vulneráveis ou vamos pagar os superprecatórios? Estamos esperando essa orientação do Supremo, mas fizemos a via legislativa e eles vão nos apoiar porque sabem que os brasileiros não podem ficar sem esses recursos.”
O pressuposto ruim e maldoso do discurso desta sexta de Guedes é a atribuição do problema dos precatórios a outro poder. “Houve um erro de origem, há comandos que vêm de outros Poderes. Se o próprio STF nos dá comando para aumentar a base [do auxílio], e passamos de R$ 180 para quase R$ 300, estamos seguindo este comando e este comando conflita com os precatórios.”
Ao compartilhar a notícia em sua conta de Twitter, o deputado fluminense Rodrigo Maia, muito atuante na questão das finanças públicas, comentou laconicamente, em referência a Guedes: “Irresponsável”.