Autoridades de Veneza investem em acessibilidade para tornar cidade mais inclusiva

Com 403 pontes, inúmeros canais e ruas de paralelepípedos, Veneza é um pesadelo para quem tem problemas de mobilidade

As 403 pontes, inúmeros canais e ruas de paralelepípedo, além, claro, das construções históricas, fazem de Veneza uma das cidades mais bonitas – e visitadas – do mundo. Mas o que é o sonho da grande maioria das pessoas se torna o pesadelo de quem tem problemas de mobilidade. La Serenissima é quase impossível para usuários de cadeiras de rodas, com um número muito limitado de áreas sem degraus, e o serviço de ônibus aquático (que é acessível) operando apenas em rotas limitadas.

Agora, porém, tudo pode mudar. Autoridades de Veneza prometem tornar os principais pontos turísticos da cidade acessíveis a todos, com rotas adaptadas para cadeirantes. Para dar o start neste projeto, que vai custar US$ 1,6 milhão, o município anunciou a construção de seis rampas em áreas de tráfego intenso da cidade: quatro na rota para a Piazza San Marco e duas em outros pontos estratégicos para os moradores locais.

Rampas vão conectar uma série de pontes da Piazzale Roma à Praça de São Marcos

Francesca Zaccariotto, vereadora de obras públicas, disse à CNN que o objetivo é “construir pelo menos uma rota que permita a pessoas de todas as idades irem da Piazzale Roma [porta de entrada do continente italiano] à Basílica de São Marcos sem barreiras”.

Quando concluído, será a primeira vez que a cidade fundada em terá acesso para cadeira de rodas em sua história.
E não será apenas acessível para cadeiras de rodas. “Ampliamos o plano para que todos possam circular sem problemas, inclusive deficientes visuais, o que não estava no plano original”, conta Zaccariotto.

As pontes foram projetadas para serem antiderrapantes e silenciosas

 

“Estamos fazendo intervenções em pontes, facilitando a escalada de degraus e adicionando superfícies não escorregadias que tornam tudo mais fácil e seguro”, diz a vereadora, explicando que Veneza é uma cidade difícil de atualizar por causa das regras rígidas sobre reformas por ser Patrimônio Mundial. Mas o objetivo é se tornar “um exemplo de acessibilidade para pessoas com problemas de mobilidade”.

Rampas temporárias instaladas na cidade já agradam residentes e visitantes

Cinco pontes serão equipadas com rampas na primeira etapa do projeto. A Ponte de la Croze, perto da Piazzale Roma, será a primeira. Estará ligada a outras que já possuem rampas, permitindo o acesso sem degraus pelas zonas de Santa Croce e San Polo até o ponto de parada do vaporetto de San Toma. De lá, as pessoas atravessam o Grande Canal (gratuito para cadeirantes) de barco até San Samuele, onde a rota continua pela Ponte dei Frati, conectando as praças de Santo Stefano e Sant’Angelo. O percurso passa ainda pela famosa casa de ópera Fenice – “É um lugar importante que precisa ser acessível a todos” – e entra na Basílica de São Marcos.

Além do percurso até São Marcos, os degraus que vão da praça Campo della Misericordia ao Fondamenta della Misericordia – um centro de vida noturna – também terão rampas. Outro irá para a ilha de Giudecca, perto da parada do vaporetto de Palanca, uma área residencial cada vez mais popular entre os visitantes.