Festival Imersivo das Favelas foca na realidade virtual e amplifica a voz de artistas negros e indígenas

Imagem de doc Na Pele VR // Reprodução

A primeira edição, em formato online e gratuito, está marcada para acontecer nos dias 27, 28 e 29 de agosto

Amplificar vozes de artistas e VR filmmakers negros e indígenas de periferias e zonas rurais de todo o Brasil. Este é o objetivo do Festival Imersivo das Favelas (FIF), que ganha sua primeira edição, em formato online e gratuito, nos dias 27, 28 e 29 de agosto. A proposta é potencializar a atuação de jovens inovadores que trabalham com tecnologias sociais, ancestrais, low e high tech, a partir das artes visuais e mídias imersivas.

Em sua edição de estreia, o FIF terá como obra principal a experiência Na Pele VR, primeiro documentário em realidade virtual interativo produzido no Complexo do Alemão. O doc estreou no IDFA 2020 e foi apresentado no festival SXSW, em Austin, no Texas. Os participantes poderão acompanhar talk shows e workshops ao vivo para aprender sobre as diferentes vertentes da realidade virtual, através de uma plataforma digital em 3D e 360°, que simula o contato presencial.

“A ideia após a criação do ‘Na Pele VR’ era fazer uma grande aparição no Brasil para chamar outros jovens negros e indígenas das periferias a apresentarem suas produções visuais imersivas. Queremos ser um canal para abrir portas para esses artistas que são capazes de transformar a sociedade a partir de suas vivências e projetos”, explica a fundadora da escola GatoMÍDIA, Thamyra Thâmara.

O evento tem apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil e da FordFoudation, que desde o desenvolvimento do documentário no Morro do Alemão ajudam a financiar projetos que saem das periferias. Para completar, personalidades engajadas em diferentes causas sociais confirmaram presença, entre eles, o DJ Rennan da Penha e o criador da Batekoo Brasil, Mauricio Sacramento. Também integram o FIF Nina da Hora, referência do afrofuturismo, a ativista e comunicadora indígena Alice Pataxó, curadores de arte e designers da África do Sul e do Senegal, como Dan Minkar e Thokozani Madonsela, entre outros.

“O time de apoiadores tem o propósito de inspirar, neste período de pandemia, jovens artistas e ajudá-los a realizar sonhos. Nadando contra as perspectivas de vida que apontam aos favelados, queremos dar oportunidades a adolescentes e adultos que têm medo da violência policial, de não conseguirem ajudar a família e de não poderem se sentir realizados com as coisas que gostam de fazer”, aponta Raull Santiago, fundador do Coletivo Papo Reto, que atua no Complexo do Alemão, e um dos idealizadores do FIF.

A triagem dos projetos candidatos já está acontecendo e deve ser feita pelo Google Formulário até o dia 31 de julho. Para participar, o candidato deve ter de 17 a 30 anos e estar desenvolvendo trabalhos contemporâneos em artes visuais e tecnologias imersivas, como projeção mapeada, 360º, 3D, programação, animação ou games, levando em consideração a estética afrofuturista. Podem se inscrever artistas de todas as regiões do país, desde que sejam indígenas ou negros, e moradores de periferias e zonas rurais. O Festival Imersivo das Favelas  será aberto ao público em geral, sem necessidade de inscrição prévia. Pessoas que já tenham projetos em realidade virtual prontos também podem entrar em contato com a produção do evento para apresentá-los.

“Queremos a participação de jovens artistas que trabalham com cinema, música ou tecnologia. Eles podem ter feito faculdade, curso técnico ou aprendido a mexer com tecnologia e artes por serem curiosos. Também são bem-vindos aqueles que já tentaram participar ou participaram de algum projeto da Lei Aldir Blanc e queiram mostrar seu trabalho para o mundo”, explica João Inada, criador do doc Na Pele VR e fundador do coletivo Sete Léguas.