Se para algo positivo serviu o advento da Covid-19, foi para mostrar os limites do liberalismo sem peias que domina, ou dominava, a agenda econômica brasileira. Mas com a crise sanitária, o mito do estado mínimo começou a ruir, e talvez hoje só o partido Novo e o ministério da Economia sigam não entendendo o que está acontecer.
O Fundo Monetário Internacional, o FMI, por exemplo, vem emitindo boletins para mostrar que é imperioso vacinar boa parte da população mundial, sob pena de a desigualdade econômica se intensificar abruptamente. “Política sanitária é política econômica”, diz o boletim oficial divulgado nesta sexta-feira (21).
Equipes do FMI sugerem metas – que consideram factíveis – para evitar que esse cenário se verifique. Para isso, sugerem vacinar “pelo menos 40% da população de todos os países” até o fim de 2021, aumentando esse percentual para 60% até meados de 2022, além de adotar políticas de rastreamento de casos e testes.
A proposta, que deve ser financiada pelo conjunto de países do G20, exige ainda doação de vacinas e investimento de risco, em valor estimado em US$ 50 bi.
Para dar conta de variantes do vírus SarS-CoV2 que assombram o mundo, o FMI sugere ainda investimento em novas vacinas com capacidade de produção de 1 bilhão de doses, além de colocar em ação planos de contingência com gerenciamento global para dar conta dessas mutações.
A maior preocupação do boletim é com o continente africano, cuja economia recuou 1,9% em 2020, a pior performance global. A projeção de crescimento de 2021 é de 3,2%, abaixo dos 6% projetados para o mundo.