A próxima terça-feira (27) promete. Amanhã será instalada no Senado a CPI da Covid-19, que tem tudo para colocar o governo outra vez nas cordas.
Muito se tem falado sobre a composição da comissão, com a relatoria devendo chegar às mãos do experiente Renan Calheiros (MDB), mas talvez fosse mais prudente para o governo federal focar agora menos no “quem” do que no “como”.
É que senadores com experiência em CPIs querem que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, seja chamado para dar explicações mais à frente – e não nos primeiros dias da comissão, como julga o governo.
É que a CPI terá 90 dias para funcionar e ainda outros 90 de prorrogação, em caso de necessidade. Com muito material ainda por incrementar a artilharia, a estratégia dos oposicionistas que compõem a CPI pode ser mais efetiva se o ex-ministro for convocado mais adiante.
Pazuello é ruim de sabatina, e uma má performance diante dos senadores pode ajudar a queimar o filme do governo.
Embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tenha previsto o início dos trabalhos da CPI para às 10h desta terça (27), a solenidade deve começar por volta do meio-dia.
O repórter Rubem Valente, do UOL, noticiou com exclusividade que a Casa Civil do governo Bolsonaro distribuiu aos ministérios da Esplanada um dossiê com 23 pontos de vulnerabilidade do governo que podem ser atacados pela CPI. Em resposta a essa providência, o senador Renan Calheiros (MDB) disse o seguinte, em entrevista ao site Congresso em Foco:
“É mais recomendável fazer isso do que continuar tentando interferir nos Poderes, tentando influir nas bancadas, delongando a instalação da comissão, tentando mudar a correlação do Tribunal de Contas com a nomeação de novos ministros, judicializando suspeição indevida”, afirmou.