Apostando na endorfina, lobistas dão expediente cedinho no lago Paranoá

Luís Roberto Barroso e João Otávio de Noronha || Crédito: SCO/STF/Agência Brasil

A fim de encontrar e abordar caminhantes como os ministros do STF e do STJ, Luiz Roberto Barroso e João Otávio de Noronha, representantes de empresas e entidades revolucionam estratégia de lobby

O expediente tem começado mais cedo em Brasília. É que uma turma de lobistas descobriu que seu poder de convencimento pode ser amplificado na orla do lago Paranoá, quando suas vítimas, ou melhor, seus interlocutores, fazem caminhadas matinais.

Às 6h30 da manhã, por aí, passeiam nos arredores da Península dos Ministros autoridades que raramente ficam dando sopa na cidade. São ministros, parlamentares e integrantes do alto escalão do Executivo.

Além deles, grandes empreiteiros que têm relação íntima com o poder também dão seus pulos, digo, seus passos, por ali. Um deles é o engenheiro José Celso Gontijo, um dos mais-mais da capital.

Entre os big poderosos, o ex-presidente José Sarney (MDB), que mora na Península, desacelerou, mas mantém uma ou duas caminhadas por semana.

Um dos grandes habitués das caminhadas no Lago Sul é Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, enquanto presidente da Câmara dos Deputados, convidava lobistas e empresários para exercícios nos jardins da Residência Oficial da presidência da Câmara.

Advogados também aproveitam a deixa para tentar esbarrar com o ministro do STF Luís Roberto Barroso, que mantém uma rotina no bairro nobre, tal qual o ministro do STJ João Otávio de Noronha.

Diz-se que a endorfina produzida na atividade física causa, em certa quantidade, euforia. No mínimo, ajuda a deixar menos vigilante o superego. O lobby agradece.