Aprovação de projeto que autoriza compra de vacinas por empresas racha Câmara

Arthur Lira || Crédito: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Deputada Celina Leão (PP-DF) vê prioridade no “trabalhador que não pode parar”; Alessandro Molon (PSB-RJ) crê em “concorrência” entre empresas e governo

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (6) um projeto de lei que permite a aquisição de vacinas por empresas para aplicar em seus empregados mediante doação de 50% do total para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O placar foi 317 x 120 a favor do projeto.

Teoricamente, mais vacinas para o SUS, certo? Mais ou menos.

Criou-se no Congresso uma briga ideológica a partir dessa decisão. Na direita, o capitalismo é o heroi, ajudando toda a sociedade a se imunizar; na esquerda, o sistema é o vilão, e os únicos que se salvam nesse salve-se-quem-puder é quem tem o cascalho.

Deu ruim.

A PODER Online, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que a Câmara oficializou o fura-fila. “O Brasil dos milionários não pode engolir o SUS desta maneira, a aprovação deste projeto foi uma derrota para o Sistema Único de Saúde, que, neste momento, deixa de ser único”.

Líder da Oposição na Casa, Alessandro Molon (PSB-RJ) tratou a aprovação como uma injustiça. “O problema é que as empresas vão concorrer com o governo pelas vacinas, que ainda não foram produzidas em quantidade suficiente para atender todo mundo. Criando a concorrência, se beneficia quem tem mais dinheiro. E não é o Estado”.

Na contramão, a deputada Celina Leão (PP-DF) afirma que se trata de “priorizar o trabalhador, que não pode parar”.

Mas, alto lá: os trabalhadores priorizados serão aqueles vinculados a corporações, especialmente as maiores, com maior poder de fogo. O informal, o “cara do cachorro-quente do estádio de futebol”, na imagem de Bolsonaro de 2020, segue ao relento.

Permitir que empresários comprem as vacinas para seus colaboradores seria bem-vinda caso estivéssemos nadando em vacinas. Não estamos nadando nem nos insumos que virarão vacinas.