Depois de surra no senado, Ernesto Araújo passa pires por cargo na casa de Arthur Lira

Após sete senadores pedirem sua renúncia, Ernesto Araújo tenta se salvar no cargo fazendo visita de undécima hora ao presidente da Câmara, Arthur Lira

Ernesto Araújo || Crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado

Após gastar cerca de R$ 400 mil para levar uma comitiva brasileira a Israel (deputados 03 e Hélio Negão incluídos) em busca de um spray nasal ainda pouco estudado, o governo brasileiro não soube explicar em detalhes o motivo da viagem.

Esse questionamento foi feito durante sabatina ao chanceler Ernesto Araújo nesta quarta-feira (23), no Senado Federal, sobre a distribuição das vacinas no Brasil.

O ministro das Relações Exteriores não conseguiu detalhar as conversas. Para ser sucinto, ele respondeu que apenas viajou “em busca da ciência”.

Esse “em busca da ciência” seria o medicamento vendido como a nova panaceia contra a Covid-19. Detalhe: o produto está na fase 1 de desenvolvimento.

O tom, que já era pouco amistoso, subiu. De maneira inédita, sete senadores pediram a demissão de Araújo, diante dele.

Jorge Kajuru (Cidadania-GO) pegou pesado:

“Eu no seu lugar, se eu tivesse ouvido as perguntas do [Fabiano] Contarato e da Kátia [Abreu], meus colegas senadores, eu no seu lugar eu pediria demissão hoje”, disse.

“Sua fala não parece diplomática. O senhor defende quem o ofendeu. O senhor faria muito bem para o Itamaraty se deixasse esse posto”, disse Fabiano Contarato (Rede-ES).

“A cara do Brasil é de um país que está colocando o planeta em risco. Pense se não valeria a pena o senhor abrir mão desse cargo. Não é pessoal. O senhor não foi bom pro Brasil. Pede pra sair”, falou Mara Gabrilli (PSDB-SP).

“O senhor não tem mais condições de continuar no ministério das Relações Exteriores. Nós somos um pária internacional. E sua conduta tem muito a ver com isso. Ou quase tudo a ver com isso. Um apelo: renuncie a esse ministério. Não é o seu momento. Esse seu momento é ruim para o país”, falou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

“O senhor não tem condições de ser ministro. Faça um favor em homenagem aos 300 mil brasileiros que perderam a vida. Renuncie a esse cargo”, bradou Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“Estamos aqui numa reunião sem sentido. Diante de um ministro que não reconhece qualquer falha. Vossa excelência é unanimidade no Senado, coisa que eu nunca vi. É unanimidade de rejeição e de incompetência” , disse Kátia Abreu (PP-TO).

Nesta quinta (25), Ernesto esteve na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados, em Brasília, para falar com o presidente Arthur Lira (PP-AL), na tentativa de fazer uma espécie de prestação de contas. Antes da surra no Senado, durante a reunião tripartite do novo comitê da Covid-19, Lira já havia criticado severamente o chanceler.

Uma quarta-feira realmente difícil.