Revista Poder

Atuação de Nunes Marques na Segunda Turma mostra descompasso com colegas

Voto pela imparcialidade de Moro de ministro indicado por Bolsonaro causa estranhamento e acirra dificuldades de juiz entre seus pares do STF

Kassio Nunes Marques || Crédito: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Mais recente juiz a integrar o STF e único até aqui indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, Kassio Nunes Marques é visto pelos colegas como um estranho no ninho. Ele não foi convidado, por exemplo, para um encontro virtual entre os ministros após a rumorosa votação da Segunda Turma desta terça-feira (23) sobre a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro.

PODER Online ouviu de um ministro que participou do encontro que “ele é a representação sob medida do governo no Judiciário”. “Cabe ao brasileiro analisar se isto é bom ou ruim”, disse.

O voto do ministro que vem sendo chamado pejorativamente de Kassio Conká, no Twitter, causou espécie aos colegas, pois ele foi embasado na ilegalidade das provas – mensagens e áudios trocados entre Moro e a turminha do MPF de Curitiba obtidos pelo hacker de Araraquara.

Segundo revelou o jornal O Estado de S.Paulo, o ministro do STF foi agraciado semana passada com a maior honraria militar do Brasil, o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Militar. Na ocasião, ele havia dito que demoraria a emitir seu voto – como ele havia pedido vista, o reinício do julgamento dependia dele. Ao contrário do que disse, portanto, ele acelerou seu voto.

Numa rápida intervenção em resposta às longas críticas do colega Gilmar Mendes, com menções inclusive ao estado de Kassio, o Piauí, disse que não iria “atacar ninguém”, mas que não se curvava “à pressão externa”. Finalizou lembrando que sua estada na Corte duraria 26 anos, o tempo que levará o ministro a deixar o Tribunal com os 75 anos da aposentadoria compulsória.

 

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