Troca de chefia na XP coloca tecnologia no primeiro plano

Thiago Maffra || Crédito: Divulgação

CTO Thiago Maffra assume lugar do fundador, Guilherme Benchimol, no comando executivo; tecnologia deixa de "servir ao negócio" para "servir ao cliente", nas palavras do fundador Benchimol, que vira chairman

O movimento feito pela XP Inc. e anunciado na noite de sexta (12), com a promoção de seu CTO, Thiago Maffra, à posição de CEO, no lugar do fundador, Guilherme Benchimol, que passa a ser chairman, pode ter surpreendido o mercado financeiro mais estrito, mas é uma tendência que começa a ser verificada no segmento.

Em comunicado oficial, Benchimol disse que a escolha de Maffra, de 36 anos,  foi uma “decisão unânime” do comitê decisório. A razão, depreende-se, é esse novo protagonismo da tecnologia. “Acreditamos que está na hora de acelerar e migrar de um modelo no qual a tecnologia ‘serve o negócio’ para outro em que a tecnologia existe para ‘servir o cliente, de uma forma que funcione para o negócio’”, explicou.

A  troca de cadeiras só  se dará em maio, mas Maffra fez questão de se apresentar melhor aos colegas, num e-mail em que ele expõe sua biografia. O futuro CEO chegou à XP vindo da corretora Souza Barros, onde atuou como trader.

Embora de extração social bem mais baixa do que a de Benchimol, há pontos de aproximação, como a venda de um carro (da mãe) para bancar os estudos. O inglês foi  aprendido “na raça”, e a expressão usada por Maffra na apresentação não foi casual. Na raça é o nome da biografia de Benchimol, livro escrito pela jornalista Maria Luiza Filgueiras.

No e-mail aos colegas, revelado pelo site Neofeed, Maffra disse:

“Eu e a minha família, porém, não tínhamos dinheiro para pagar a mensalidade, e muito menos para comprar um laptop, obrigatório na época. Consegui uma bolsa de estudos parcial por meio das minhas notas e a minha mãe decidiu vender o carro dela para pagar o restante, e assim começou a minha jornada. Qualquer semelhança com o que o Guilherme fez lá atrás para salvar a XP é mera coincidência, mas confesso que sempre me inspirou e gerou uma conexão ainda maior minha com a empresa.

O segundo grande desafio do período foi ter que aprender um novo idioma sozinho, o inglês, que eu não falava. Mas todos os livros da faculdade eram justamente em inglês, então não tive opção, e como não podia pagar um curso, foi na raça mesmo.”