Reconhecida em 2019 como a primeira juíza negra do Brasil, Mary de Aguiar Silva morreu na terça (23), como informou a Associação dos Magistrados do Brasil.
A magistrada de 94 anos teve seu reconhecimento publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) após reivindicar o título de precedência.
Mary atuou na corte da Bahia entre 1962 e 1995, nunca chegando ao cargo de desembargadora. Quase 60 anos após seu ingresso na carreira, a sub-representação de mulheres negras na magistratura ainda é uma realidade.
Em 2018, ao ganhar uma medalha de honra do Mérito Judiciário, disse estar vivendo “a mudança dos tempos” que tanto esperou.
A magistrada foi homenageada nesta sexta-feira pelo CNJ e pelo braço específico da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que trata apenas de questões relacionadas aos juízes negros.
A PODER Online, o juiz Fábio Esteves, do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios, disse que a luta “contra o racismo em todas as formas” foi a bandeira de Mary de Aguiar, a quem sempre admirou.
Primeira mulher a compor o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ministra aposentada Eliana Calmon, que também ingressou na magistratura pela Bahia, disse a PODER que lamenta muito a morte de “uma mulher guerreira e precursora para seu tempo” que, como ela própria, “teve força e sabedoria para enfrentar as dificuldades de um mundo onde apenas homens tinham vez”.