Fazia tempo, talvez desde quando Getúlio pegou aquele trem ou, vá lá, quando Brizola encetou a Campanha pela Legalidade, que o palácio Piratini, sede do governo gaúcho, não assistia a tanta movimentação.
Possivelmente tiveram de ressuscitar o chefe de cerimonial.
É que, ontem, uma romaria de deputados do PSDB chegou a Porto Alegre para instar o governador Eduardo Leite (PSDB) a sair candidato a presidente pelo partido, acirrando a oposição ao governador paulista, João Doria.
“Não vejo isso como um racha. É a demonstração de que o partido tem alternativas capazes”, disse o jovem político, que completa 36 anos em março.
Fato é que, depois de toda a exposição, assessores de Eduardo Leite começaram a se preocupar com o dia depois de amanhã e um possível desgaste precoce. E o motivo é old school: o governador é solteiro.
E, na política brasileira, mesmo com a renovação “trans” nos legislativos municipais, existe certo preconceito com homens públicos que não tem uma mulher para chamar de sua. Tanto é que, no Google, ao escrever “Eduardo Leite”, a primeira sugestão de busca é “esposa”. A segunda, “casamento”.
Nunca se falou abertamente sobre a vida íntima de Leite. Exceto quando, em alguns momentos, ele precisou desmentir relatos de que namorava um rapaz com quem apareceu numa foto feita na praia.
Os ficcionistas e os comentaristas políticos, se é que se diferem, podem agora se deliciar com a ideia de que os opositores de Leite podem se servir de um argumento preconceituoso para derrubá-lo. Quem sabe na linha da imagem tosca de Doria na orgia, no segundo turno de 2018.
Mais engraçado ainda é pensar que Bolsonaro está rindo à toa com as agruras de Doria em seu próprio partido.