Arthur Lira quis chegar chegando e, talvez para agradar Posto Ipiranga, ou, mais provável, para agradar sua base na Faria Lima, decidiu mobilizar os coleguinhas para votar a autonomia do Banco Central.
Com ampla aceitação na Câmara dos Deputados, o projeto, já aprovado pelo Senado em 2020, pode ser chancelado hoje pelos deputados.
O projeto, como era de se esperar, não fez a esquerda morrer de amor por eles.
Ciro Gomes desceu a lenha, talvez pelo fato de Tabata Amaral (PDT-SP) ter visto nele algumas virtudes.
Curiosamente, a autonomia do BC foi um dos tópicos do plano presidencial da chapa Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB). Seria, vislumbrava o PT, uma alternativa a essa várzea que é relação governo-mercado.
Naturalmente, como o projeto foi encampado pela extrema-direita, ele agora é ruim.
Na prática, a grande mudança é a forma de indicação do presidente e dos diretores do Banco Central. Há subordinação ao inquilino do Planalto. O presidente da República pode se livrar do chefe da autoridade monetária a qualquer momento.
Para evitar essa dependência política, a intenção é colocar mandatos, com possibilidade de recondução, no primeiro escalão do BC. E, isso, aconteceria no primeiro dia útil do terceiro ano de mandato do presidente da República. Ou seja: ele ficaria dois anos completos trabalhando ao lado de um indicado pelo seu antecessor.