O Governo Federal abortou a ideia de fazer um evento no palácio do Planalto, nesta terça-feira (19). A ideia era que um profissional de saúde e um idoso se imunizassem em cerimônia de lançamento do plano de vacinação nacional.
Pois bem. Com a estatização das vacinas, agora entregues aos governadores, o presidente Jair Bolsonaro resolveu sair de cena. Além de evitar comentar o assunto, prefere não se colocar na delicada posição de mestre de cerimônias de um produto que ele disse não confiar.
O temor no Planalto era que o presidente perdesse credibilidade ao lançar o planejamento estratégico, com direito a vacinação cenográfica, sem acreditar nesta solução.
Assessores palacianos dizem que o presidente está profundamente irritado com a derrota perante o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se destacou como primeiro mandatário a conseguir acesso ao imunizante.
Doria e Bolsonaro serão adversários nas eleições para a Presidência da República, ano que vem. No que tange a vacinação, Doria sai léguas na frente do atual chefe do Executivo.
Ao minimizar o raro gol de Doria, Bolsonaro disse a apoiadores ontem pela manhã que a vacina distribuída em São Paulo é “do Brasil” e não do governo estadual.
Não colou.
Mas ainda está tudo numa boa: em pesquisa divulgada nesta segunda (18) pela XP/Ipespe, Bolsonaro tem 28% das intenções de voto em 2022 na enquete estimulada. Doria tem 4%.
Mais próximos do atual presidente estão na pesquisa Sergio Moro (12%) e Ciro Gomes e Fernando Haddad (ambos com 11%).
Só que isso só conta um lado da história, já que a popularidade do presidente caiu: em relação à pesquisa de dezembro, a avaliação negativa (ruim e péssimo) subiu de 35% para 40; a avaliação positiva (ótimo e bom) caiu de 38% para 32%.
Sobre a avaliação do governo Bolsonaro no enfrentamento à crise da Covid-19, a percepção pública piorou: ruim/péssimo passou de 48% para 52% enquanto ótimo/bom subir caiu de 26% para 22%