Vice da chapa frustrada de Silvio Santos em 1989 fala sobre viabilidade eleitoral de Huck

Marcondes Gadelha
Ex-senador e ex-deputado federal Marcondes Gadelha || Crédito: Reprodução Facebook

Ex-senador e ex-deputado federal Marcondes Gadelha, que lançou livro Sonho Sequestrado, sobre a candidatura frustrada de Silvio Santos, fala a PODER Online sobre a força dos homens da TV na política

Deputado federal por seis mandatos e senador por dois, Marcondes Gadelha (PSC) é uma grife política da Paraíba. Atual primeiro vice-presidente do PSC, é filho e pai de ex-deputados federais.

O político este ano decidiu se arriscar na seara literária. Ele lançou recentemente Sonho Sequestrado (Ed. Matrix), livro em que narra a inusitada corrida eleitoral de Silvio Santos em 1989. Naquela ocasião, o Homem Sorriso chegou a colocar na rua sua campanha presidencial, mas suas pretensões foram sustadas pela Justiça Eleitoral, que impugnou a chapa do Partido Municipalista Brasileiro (PMB).

Gadelha fala de um lugar privilegiado: ele fazia parte da chapa interditada –  era candidato a vice do dono do SBT.

A sempre mencionada – e nunca confirmada – candidatura do apresentador de TV Luciano Huck à presidência dá viço à obra. Gadelha falou com a PODER Online.

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PODER Online – Personalidades de fora da política, como Silvio e Luciano Huck, têm estofo para boas gestões?

Marcondes Gadelha – Se tiverem o perfil popular que esses dois míticos apresentadores têm de sobra, acredito que sim. Silvio se beneficiou da polarização entre esquerda e direita em 1989, colocando-se como alguém mais moderado. E Luciano Huck pode seguir por este mesmo caminho. Chamamos isso de princípio homeopático: se você tem dois polos muito diferentes, e se coloca entre ambos, tem potencial para se tornar uma bomba de atração.

PODER Online – Colocar a ideologia de lado para construir uma figura de perfil moderado é a solução?
MG – Não se trata de colocar de lado. Gente assim, muito popular, precisa ter uma ideologia mais moderada. Um perfil mais de conversa. Luciano Huck é ainda mais acentuado nesse universo que Silvio Santos. A preocupação de Silvio era com distribuição de renda, melhorias na saúde, educação. Hoje temos projetos que fazem isso: Bolsa Família, auxílio emergencial. Mas não havia nada sobre renda mínima naquela época, e isso ficou taxado como algo de “esquerdista”.

PODER Online – Pessoas assim conseguem manter distância do passado no entretenimento e assumir um papel mais sério, de chefe de Estado?
MG – A persona criada na televisão nunca pode se sobrepor à pessoa real. O Silvio era aquilo mesmo, um velho amigo do brasileiro. Tenho a impressão que o Luciano também é visto assim. No momento oportuno, saberá sair da persona e assumir sua figura real.

PODER Online – Há certo temor de aliados de Huck que ele confunda políticas públicas com entretenimento. Foi assim com Silvio Santos?
MG – Questões envolvendo o subsídio de casas, igualdade social, acesso aos hospitais e à saúde sem custo podem ser tratadas como entretenimento pela televisão, mas são necessidades reais do brasileiro. Basta voltar ao Brasil de 1989, mergulhado na inflação de 90% ao mês. Aquela ciranda financeira teria sido muito amenizada se o estado contratasse os brasileiros sem emprego para fazer casas populares.

PODER Online – Celebridades brasileiras estão prontas para ganhar eleições? Vemos aí o Tiririca, Alexandre Frota, Romário, Sérgio Reis… Artistas em proeminência no meio político.
MG – Não há termo de comparação. Quando se fala de Huck e Silvio, não estamos falando de votos de protesto e, sim, de exemplos para o país. Silvio sempre foi tratado como exemplo de honestidade. Huck, de mudança. Administração pública precisa ser tratada com muito rigor.