Acusação de estupro e negacão do Holocausto agitam Santa Catarina

Ponte Hercílio Luz, em Santa Catarina || Créditos: Divulgação/Governo

Prefeito e candidato a reeleição de Florianópolis, Gean Loureiro é acusado de estupro; depois de silêncio, governadora em exercício condena o nazismo

É difícil competir com a produção de notícias de Brasília – o palácio do Planalto e o ministério da Economia desta gestão são hors concours –, mas Santa Catarina está se esforçando.

Às vésperas do primeiro turno das eleições, o prefeito de Florianópolis e candidato a reeleição, Gean Loureiro (DEM), foi acusado de estupro por uma servidora pública.

Fotos constrangedoras circulam na internet, e o prefeito produziu um vídeo em tom choroso em que reza pela velha cartilha: pede desculpas à família e aos eleitores, diz que o ato foi “consensual” e acusa os adversários políticos por ter sido vítima de uma “armadilha”.

O estado já havia assistido na sexta-feira passada uma longuíssima sessão em que se discutiu o impeachment do governador Carlos Moisés (PSL), acusado por um tecnicismo, uma pedalada – a equiparação salarial de procuradores do estado por decisão judicial.

Por 6 votos a 5, Moisés foi afastado do exercício de suas funções, e a vice-governadora, Daniela Reihner, também arrolada no processo, acabou inocentada, assumindo interinamente o governo.

Daniela não deixou por menos: ao tomar posse, evitou responder se compactua com as ideias de seu pai, um negacionista do holocausto judeu.

“Eu realmente não posso responder, ser julgada ou condenada pelo que esse ou aquele pense”, disse em sua primeira entrevista coletiva como governadora em exercício.

Em resposta, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Associação Israelita Catarinense (AIC) publicaram nota conjunta assinada por seus presidentes.

Eles pedem que “a governadora “manifeste sua repulsa ao negacionismo da tragédia que foi o Holocausto” e “demonstre de forma inequívoca sua rejeição às ideias que levaram ao extermínio de 6 milhões de judeus inocentes, além de outras minorias e adversários políticos e provocaram uma guerra que devastou a humanidade”.

Nesta quinta-feira, a governadora obrigou-se a voltar ao assunto em nota oficial.

“Antes de mais nada é preciso declarar que sou contrária ao nazismo, assim como sou contrária a qualquer regime, sistema, conduta ou posicionamento que vá contra os direitos individuais, garantias de segurança ou contra a vida das pessoas”, escreveu.