POR ANA ELISA MEYER
A conjunção das raízes originárias de sua formação europeia com elementos associados ao contexto brasileiro forma uma perspectiva singular na obra de Jean Gillon. Nascido na Romênia, em 1919, o arquiteto e designer formou-se pelas Faculdades de Arquitetura e Belas Artes da Universidade Nacional em sua cidade natal, Iasi. A partir da década de 1940 viajou muito, vivendo em Viena, Israel e Paris, onde aprendeu arte têxtil. Em 1956, desembarcou no Brasil, atraído pelos ecos da pioneira arquitetura moderna brasileira. Arquiteto bastante requisitado, trabalhou sobretudo com o setor hoteleiro de luxo, além de projetar lojas e residências. Dois anos depois, passou a criar móveis feitos principalmente de jacarandá, além de criar tapeçarias e esculturas. Dentre suas peças para o segmento mobiliário podemos destacar a poltrona Jangada, que foi desenhada em 1968 e se tornou um dos ícones do mobiliário nacional.
Para seus projetos, Gillon tinha o hábito de encomendar tapeçarias para Genaro de Carvalho, considerado o pioneiro da tapeçaria moderna no Brasil. Em uma de suas visitas a Salvador foi incentivado pelo próprio Genaro a confeccionar tapeçarias com desenhos de sua autoria. Dito e feito. Com cores fortes e desenhos com temas como a fauna, a flora e a cultura nacional, suas tapeçarias demoravam em torno de seis meses para ficarem prontas e são todas peças únicas. O trabalho de Gillon nesse campo é extenso: das mais de 80 exposições e eventos de arte de que participou no país, 60 foram mostras de tapeçarias. Artista múltiplo, Jean Gillon morreu em 2007, aos 87 anos, deixando um legado para o design brasileiro.