Revista Poder

EFEITO DOURADO

Ela largou um emprego em um banco de investimentos para fundar a “Sephora da Índia”: conheça Falguni Nayar, a self-made woman bilionária da vez

Por Anderson Antunes

Com 59 anos recém-completados, Falguni Nayar é uma das mulheres mais ricas e poderosas do mundo da qual você provavelmente nunca ouviu falar. Mas isso deve mudar muito em breve, porque a trajetória ascendente dessa executiva poderosa está apenas começando.

Nascida em uma família do grupo étnico dos gujaratis, o que denota um tipo de classe média da Índia, de empreendedores natos e para os quais o sucesso é medido, em parte, pelo tamanho daquilo que criam – que por si só já seria uma grande vitória em um país no qual 70% da população vive na pobreza –, Falguni teve acesso à educação de qualidade desde cedo.

Formada em economia pelo Sydenham College of Commerce and Economics de Mumbai, com pósgraduação pelo Indian Institute of Management Ahmedabad (IIM Ahmedabad), Falguni mal tirou a toga de aluna de ensino superior e já estava trabalhando no Kotak Mahindra Bank Limited, um dos maiores bancos de investimento na Índia, onde permaneceu por 19 anos.

Seu salário anual no Kotak, sem seus últimos anos na instituição financeira, já se contava aos milhões de dólares. E Falguni escolheu deixar o emprego dos sonhos de muitos indianos (imagina, então, das indianas), porque aparentemente seu lado gujarati falou mais alto: ela queria criar o seu próprio negócio.

Segura de que estava no caminho certo, e com US$ 2 milhões tirados do próprio bolso, Falguni fundou, em 2012, a Nykaa, uma rede de lojas de produtos cosméticos inspirada na francesa Sephora, e que assim como a marca que hoje pertence ao gigante LVMH também tem um e- -commerce muito bem planejado.

Dizer que deu certo é pouco. Nascida em um momento que a Índia começava a viver um de seus períodos de maior pujança, inclusive como um dos membros dos Brics, o grupo de países formado ainda por Brasil, Rússia, China e África do Sul, a Nykaa – nome derivado da palavra em sânscrito “nayaka”, que significa alguém que está no centro das atenções – logo se transformou na “Sephora da Índia”, com o grande diferencial de conhecer melhor suas clientes e, principalmente, o tipo de cosmético que mais as agradava. No site da Nykaa, as clientes encontram itens de skincare, maquiagem e outros produtos que são apropriados para os tons e tipos de pele da população, além do clima do país.

Com apenas nove anos de existência, em 2021, a Nikaa abriu seu capital nas bolsas de valores de Bombaim e de Nova York. Antes disso, a empresa atraiu investidores como a companhia de private equity americana TPG Growth, com seus mais de US$ 109 bilhões em ativos sob gestão, e que viu no IPO (Oferta Pública de Ações, na sigla em inglês) a chance de entrar na economia indiana por meio do maior público consumidor do país, formado principalmente por mulheres.

“A Índia será um grande mercado de varejo”, acredita Falguni. “Os indianos e as indianas aspirarão por mais, seu poder de compra crescerá e as pessoas gastarão cada vez mais em marcas de estilo de vida e serviços. A Nykaa está em um bom lugar.” Hoje, com um valor de mercado de aproximadamente US$ 9 bilhões, a Nykaa disparou as vendas em 40% na pandemia e fez de sua fundadora e maior acionista a segunda bilionária “self-made” de toda a história da Ín – dia (a primeira foi Kiran MazumdarShaw, que se tornou bilionária em 2015 com o IPO da fabricante de re – médios genéricos Biocon). Falguni, no entanto, é mais rica: ela é dona de uma fortuna de US$ 4,5 bilhões, enquanto Kiran teria US$ 3,3 bilhões. Cada vez mais em voga no resto do mundo, a bilionária aos poucos vai atendendo a convites para contar a sua história e dividir a sua jornada em – preendedora. Nessas ocasiões, quan – do precisa se afastar de suas funções, seus dois filhos gêmeos, ambos fun – cionários da Nykaa, entram em cena – Son Anchit dirige o negócio on-line e sua filha Adwaita, que era a diretora de operações da Nykaa, é CEO de sua varejista de roupas em rápida ascen – são, Nykaa Fashion. E se alguma deci – são mais séria precisar ser tomada na ausência de Falguni, eles contam com o pai, o executivo Sanjay Nayar, pre – sidente da filial indiana da KKR, uma das maiores empresas de investimen – tos variados do mundo. Mas situações como essa raramente acontecem, já que Falguni tem confiança naquilo que criou e considera essa, aliás, como uma de suas melhores qualidades. “As mulheres precisam permitir que o holofote de sua vida esteja vol – tado para elas mesmas. E eu espero que cada vez mais existam mulheres que ousem ir atrás de seus sonhos co – mo eu fui”, Falguni disse recentemen – te, numa dessas vezes que deixou de ser a CEO da Nykaa por algumas ho – ras para viver seus momentos de guru do empoderamento feminino, do alto dos bilhões de dólares que hoje fazem parte de sua trajetória, para gujarati nenhum colocar defeito. n

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