Revista Poder

3 PERGUNTAS PARA FERNANDA CALANDRINO

Fernanda Calandrino é diretora comercial de contratos da Huawei no Brasil e diretora do Comitê de Líderes Locais da companhia

Crédito: Flávio Teperman

CULTURALMENTE, CHINESES E BRASILEIROS CARREGAM MUITAS DIFERENÇAS. E NO AMBIENTE CORPORATIVO, TAMBÉM É ASSIM?
Sim, muitas. O que é bom, pois acabam servindo de aprendizado para ambos os lados. Temos o Comitê de Líderes, no qual eu sou uma das gestoras, que foi criado exatamente para facilitar a comunicação entre o board da empresa, que é predominantemente de nacionalidade chinesa, com os demais funcionários, que são cerca de mil – incluindo os funcionários locais expatriados. Com base nos meus 17 anos de empresa, sou responsável por fazer a ponte de comunicação entre os dois lados. Trabalho com contratos, vendas, mas acabo resolvendo questões de todo tipo, do caixa eletrônico, banheiro, estacionamento. Faço essa interface.

PODE NOS CONTAR EXEMPLOS DESSA DIFERENÇA DE COMPORTAMENTO? O QUE É PRECISO SABER PARA CRESCER EM UMA COMPANHIA CHINESA?
Compreender peculiaridades é a chave. Por exemplo: na nossa cultura corporativa ocidental, quando recebemos uma promoção normalmente ganhamos também um aumento salarial. Na cultura chinesa é diferente. Primeiro é preciso demonstrar que você é capaz de assumir a nova posição, e só depois de apresentados os resultados esperados é que você recebe os benefícios atrelados à promoção. Outro exemplo está relacionado à confiança. Os brasileiros têm a característica de confiar nas pessoas até que se prove o contrário. Já os chineses não. Eles desconfiam dos outros até que se prove o contrário. E isso gera algumas situações particulares. Qualquer informação que você dê a um chinês vai ser verificada por ele com pelo menos outras três pessoas. “Isso que ela falou está certo? É verdade?” Para os brasileiros incomoda muito, porque coloca em xeque a credibilidade. Por isso é importante ter jogo de cintura para absorver e trabalhar com as diferenças. 

O MERCADO DE TELECOM É MAJORITARIAMENTE MASCULINO. COMO A HUAWEI TRABALHA PARA CORRIGIR ESSE DESEQUILÍBRIO?
A disparidade de gênero é uma questão que domina a sociedade e na Huawei não é diferente. Nós temos algumas lideranças femininas na empresa, mas o setor de telecom envolve tecnologia e essa disparidade nasce nas faculdades, ainda na formação. Porém, é uma preocupação que temos e por isso adotamos uma série de iniciativas nesse sentido. Temos, por exemplo, o programa Huawei Women Developers (HWD), para empoderar mulheres desenvolvedoras a criarem aplicativos e ferramentas com potencial para fazer a diferença no mundo. 

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