Revista Poder

BIENAL DE SÃO PAULO CHEGA À 34ª EDIÇÃO COM PROGRAMAÇÃO ESTENDIDA

Crédito: José A. Figueroa Cortesia de Belkis Ayón Estate

Por Luís Costa

Aos 70 anos, a Bienal de Arte de São Paulo quer ocupar a cidade. A 34ª edição da mais importante mostra de arte do país chega ao Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Ibirapuera, em 4 de setembro, com uma novidade. Será a primeira vez que o evento vem articulado com uma série de exposições em instituições culturais parceiras na capital.

Crédito: Cortesia Olivia Plender

“A Bienal vai abraçar São Paulo”, diz o executivo e colecionador de arte José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal. Serão ao todo 21 eventos relacionadas à mostra principal em casas como o MAM (Museu de Arte Moderna) e MAC (Museu de Arte Contemporânea).

Entre os artistas são 91 nomes de 39 países, representantes de todos os continentes (exceto a Antártida). A proporção entre mulheres e homens é equilibrada, e cerca de 4% dos artistas identificam-se como não binários. Esta será, ainda, a Bienal com a maior representatividade de artistas indígenas de todas as edições com dados disponíveis, com nove participantes de povos originários de diferentes partes do globo.

Quando assumiu a Fundação Bienal, em 2019, José Olympio – neto do livreiro José Olympio, que deu nome a uma das principais editoras o país – pôs em ação a proposta de um evento estendido no espaço e tempo, uma Bienal que pudesse ser experimentada ao longo do ano e não apenas no Ibirapuera.

O executivo e colecionador de arte José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal

Assim, ainda em fevereiro de 2020, as três primeiras exposições abriam a série de trabalhos que, em setembro do ano passado, deveriam culminar na mostra. A pandemia adiou os planos. “Esse tempo foi muito bem usado para debatermos mais os conceitos da Bienal”, diz José Olympio. A edição terá o que os curadores chamam de “enunciados”. “São objetos que não são necessariamente obras de arte, mas que trazem mensagens, significados.” Na mostra estarão o sino de Ouro Preto, que tocou no dia em que Tiradentes foi executado, e um meteorito que sobreviveu ao incêndio do Museu Nacional.

Curador desta edição, o crítico italiano radicado no Brasil Jacopo Crivelli Visconti explica que os enunciados, em lugar dos tradicionais textos descritivos, permitem uma abertura de interpretação das obras e da própria exposição. “São elementos de outros âmbitos, não da arte especificamente, que vêm de outros contextos e que carregam histórias muito potentes para ajudar a pensar a exposição, para ler as obras que são depois colocadas fisicamente perto desses enunciados”, diz. “Nós não queríamos impor uma leitura das obras, mas sugerir leituras possíveis.”

Crédito: Claude Cahun Cortesia de Jersey Heritage

Desde 1951 até hoje, as 33 bienais já receberam 11.500 artistas ou coletivos de 140 países, mais de 70 mil obras e 8,5 milhões de visitantes. Os 70 anos vêm no turbilhão da maior crise sanitária global do último século. Para José Olympio, o título da mostra – Faz Escuro, mas Eu Canto –, verso do poeta Thiago de Mello, escolhido ainda antes da pandemia, é um sinal de alento que a arte pode traduzir. “É um momento difícil em todas as dimensões. É um título que reconhece a dificuldade, mas também a esperança. Eu canto por quê? Porque a manhã vai chegar, isso há de passar. É o que eu acho de mais bonito no que a gente está fazendo. É dar uma mensagem de que nem tudo está a pedido”, conclui.

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