Revista Poder

FILANTROPIA SOCIAL CLUBE

Solidariedade, empatia e tradição familiar. Quais são as motivações que têm estimulado a atuação social de alguns dos principais empresários do país durante a pandemia?

Por Denise Meira do Amaral


Sonia Hess, vice-presidente do Grupo Mulheres do Brasil e presidente do Instituto Duda e Adelina

Qual causa te mobiliza nestes tempos tão difíceis?
Unidos pela Vacina, movimento da sociedade civil que começou com o Grupo Mulheres do Brasil, com liderança da Luiza Helena Trajano, e está trabalhando para que 70% dos brasileiros estejam vacinados até setembro. Ele conseguiu mapear as principais necessidades de cada município para a chegada da vacina. Tudo é feito por meio de uma plataforma na qual empresas dão match com o que prefeituras precisam – pode ser um espaço físico, computadores, wi-fi ou geladeiras.

 


Daniel Castanho, presidente do Conselho da Ânima Educação

Para onde você está doando?
Tenho um instituto familiar, o Cast5, e o conselho sou eu, minha esposa e meus três filhos, de 15, 13 e 11 anos. Fazemos inclusive reuniões para decidir para onde vai o dinheiro. Por meio do instituto, apoiamos entidades como a Gerando Falcões, quando realizamos projetos como Um Sonho de Natal, e distribuímos mais de 2 mil brinquedos junto com o Magazine Luiza. Doamos ainda mais de 160 mil máscaras, 350 mil unidades de EPIs nas regiões em que atuamos. Quando você dá uma flor para alguém, o perfume fica na sua mão. É legal receber, mas é muito mais maravilhoso fazer para o outro.

 


Pedro de Godoy Bueno, presidente do Grupo Dasa

O ato de doar é capaz de dar outro significado ao dinheiro?
O dinheiro é uma energia realizadora. E como qualquer energia, pode ser usada de forma positiva ou negativa. A solidariedade é um exemplo disso e, neste momento atípico que estamos vivendo, o ato de doar reforça e realiza nosso propósito de cuidar integralmente das pessoas. Isso é o que nos move todos os dias. Em tempos extremos, a união, a responsabilidade social, o cooperativismo, entre todos, é essencial. Acredito que esse possa ser um grande legado da pandemia, pois vi no Brasil uma solidariedade inédita dos empresários e das empresas.

 


Elie Horn, fundador do grupo Cyrela

O ato de doar é capaz de dar outro significado ao dinheiro?
Você espiritualiza a matéria. O dinheiro é papel, vil, mas pode ajudar a salvar pessoas, tornando-se nobre. Acredito na filantropia porque sou uma pessoa inteligente. Quem não sente nada pelo outro é um robô, não humano. Estou doando para cerca de 200 ONGs no total, gosto muito da Instituição Amigos do Bem, no sertão do Nordeste, uma obra maravilhosa da Alcione Albanesi que toma conta de mais de 70 mil pessoas. Se mais pessoas fossem como ela, o mundo estaria bem melhor.

 


Geyze Diniz, membro do Conselho de Administração da Península Participações, cofundadora do UniãoSP e apoiadora do Movimento Panela Cheia

Qual a sua causa nesta pandemia?
Sempre atuei em diferentes causas filantrópicas motivada pela vontade de mudar e impactar vidas. Na pandemia, nossa família decidiu criar um fundo de R$ 50 milhões para quatro frentes de combate aos efeitos da crise: fome, saúde, educação e fomento a micro e pequenos empresários. Direcionei meus maiores esforços para a frente da fome e, junto com a Ana Maria Diniz, ajudei a criar o UniãoSP, que já doou mais de 700 mil cestas básicas. No caminho, nos conectamos com pessoas profundamente conhecedoras das favelas e com essa proximidade também lançamos o Movimento Panela Cheia. Queremos ajudar 2 milhões de famílias a se alimentarem. É uma meta ousada e grandiosa, mas se cada um fizer um pouco, acreditamos que iremos conseguir.


Rubens Menin, presidente do conselho de administração das empresas MRV, Log, Banco Inter e CNN Brasil

Como você vê a reação da sociedade com relação às doações durante a pandemia?
Participo do Movimento Bem Maior e temos uma meta de incentivar a população a doar mais. Queremos que passe de 0,2% do PIB para pelo menos 0,4%. Nossos focos são duas causas principais: o sistema prisional e a educação. Queremos colocar mais pessoas nesse grupo de filantropia. Nos Estados Unidos as doações são dez vezes mais que no Brasil. Só vamos vencer com solidariedade e fraternidade no dia em que todo mundo se mobilizar.

 


Bruno Garfinkel, presidente do Conselho de Administração do Grupo PortoSeguro

Qual causa tem te mobilizado?
Nossa família possui uma longa tradição de engajamento em causas sociais. Atuamos tanto na dimensão empresarial, por meio de projetos do Grupo Porto Seguro, quanto no pessoal, por meio da Family Office, e nos concentramos na área da educação tendo como foco a Associação Crescer Sempre, de Paraisópolis. A doação é um dos atos ligados à generosidade e uma sociedade só se desenvolve quando os recursos são repartidos entre todos. Por isso defendo o conceito de renda universal, especialmente num momento em que o mundo vive uma transição tecnológica que vai afetar muitas pessoas e muitas profissões que, simplesmente, deixarão de existir.

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Ana Maria Diniz, Conselho de Administração da Península Participações, cofundadora do UniãoSP e apoiadora do Movimento Panela Cheia

O ato de doar é capaz de dar outro significado ao dinheiro?
Doar é capaz de trazer significado para a nossa existência e a pandemia foi um grande acordar para essa questão. As pessoas estão se conscientizando que é impossível viver em sua própria ilha, de forma isolada. Estão aprendendo que, para viver em sociedade, é necessário olhar para o lado e incluir o outro. Acredito que aumentamos grandemente o nosso nível de consciência sobre isso e farei de tudo o que eu posso para que isso não seja apenas um momento, mas um novo estado da sociedade.

Leandro Reis Tavares, Vice-presidente Médico e de Serviços Externos da Rede D’Or São Luiz

Qual causa tem lhe mobilizado e para onde está doando?
No começo da pandemia, além de estruturar nossos hospitais para o que estava por vir, percebemos que era preciso fazer mais, pois o impacto sobre a saúde pública seria muito severo. Abrimos então uma ampla frente de trabalho junto aos governos federais, estaduais e municipais para ampliar o número de leitos. Além disso, distribuímos medicamentos, EPIs, monitores e respiradores, tanto nas praças em que atuamos, como em regiões do Amazonas e Roraima. Em um ano, a Rede D´Or já utilizou R$ 220 milhões de seu caixa nesses programas e trouxe mais R$ 100 milhões de outras empresas que fizeram parceria no apoio ao poder público. O dinheiro existe para movimentar a sociedade e evoluirmos, gerando prosperidade, conforto e diminuição das necessidades. A sociedade está cada vez mais aberta a esse olhar. Porque no final do dia, o que importa é o bem comum, uma sociedade que caminhe para frente, unida, justa e equilibrada. Isso vai ficar cada vez mais patente.

Grazielle Parenti, Vice-presidente global de Relações Institucionais, Reputação e Sustentabilidade e Presidente do Instituto BRF

Qual a causa tem te mobilizado? 
Somos uma das maiores empresas de alimentos do mundo, então, é natural que a causa da alimentação para todos seja uma prioridade para nós. Fomentamos parcerias para doação de alimentos com o Instituto Ronald McDonald, Programa Mesa Brasil e Gastromotiva, além de apoiar o projeto Cozinhas Solidárias da organização, que já está em andamento em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba e, até o final de 2021 chegará a Salvador por meio do apoio do Instituto BRF. Com esta iniciativa mais de 100 mil refeições serão doadas, capacitando também os cozinheiros empreendedores nas comunidades onde estão inseridos. Recentemente, também anunciamos a doação de mais de R$ 50 milhões para auxiliar no combate dos efeitos da pandemia de Covid-19. A iniciativa contempla ações em 15 estados brasileiros e em países onde a BRF possui unidades produtivas, centros de distribuição e escritórios corporativos.

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