Por Jair Viana
O secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous (PT), esteve reunido a portas fechadas com Alessandro Stefanutto (ex-presidente do INSS), Virgílio Oliveira Filho (auditor do INSS) e André Fidelis em 4 de junho de 2024, dias antes de o escândalo vir à tona. Os três são investigados pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, sob suspeita de associação criminosa com entidades e sindicatos que aplicaram um golpe de mais de R$ 6,3 bilhões em aposentados e pensionistas.
O encontro ocorreu na véspera do julgamento, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), da auditoria que confirmou o desvio bilionário por meio da cobrança ilegal de mensalidades associativas. A pauta oficial da reunião entre Damous e a cúpula do INSS era “sobre consignados”.
Poucos dias após a reunião, o então procurador-geral do INSS — hoje acusado pela PF de embolsar R$ 11,9 milhões em propina por meio de familiares e empresas — ingressou com recurso no TCU tentando barrar a aplicação das medidas previstas no acórdão aprovado, justamente em relação aos consignados, tema discutido com Damous.
No agravo, Virgílio Oliveira Filho pediu ao ministro Aroldo Cedraz, relator do caso, efeito suspensivo para impedir a “medida de bloqueio automático de averbações de novos descontos de empréstimo consignado”. Na prática, ele tentava evitar a implementação da decisão que proibia a contratação de novos empréstimos.
Engavetando.
O ministro Aroldo Cedraz foi acusado por seus colegas Bruno Dantas e Walton Alencar de segurar os recursos em seu gabinete e de não encaminhar o acórdão aprovado à área técnica do tribunal — etapa necessária para garantir a aplicação das resoluções.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com Wadih Damous nem com os demais envolvidos. O espaço segue aberto para suas manifestações.