Gigantes do e-commerce como Shein, Temu e AliExpress enfrentam um novo obstáculo. O governo de Donald Trump encerrou a política de isenção fiscal para pacotes de até US$ 800 vindos da China e de Hong Kong. A decisão entrou em vigor nesta sexta-feira e pode transformar o cenário do comércio eletrônico mundial.
Novo imposto já está valendo
Até agora, os americanos recebiam produtos de baixo valor sem pagar taxas. Com a mudança, as remessas passam a ser taxadas em 120% do valor declarado ou em uma tarifa fixa de US$ 100, que deve subir para US$ 200 em junho.
A nova medida afeta diretamente as varejistas online, que aproveitavam a isenção para enviar bilhões de pacotes anualmente aos consumidores dos Estados Unidos.
Brecha virou atalho para drogas e produtos não fiscalizados
Trump justificou a decisão citando duas preocupações principais: o comércio desleal com a China e o tráfico de fentanil. Segundo investigações, traficantes rotulavam pacotes ilegais como eletrônicos e escapavam da fiscalização graças à isenção.
A medida busca reforçar o controle aduaneiro, combatendo tanto o trabalho forçado quanto a entrada de substâncias ilegais no país.
Uma isenção generosa que virou alvo
Os EUA mantinham uma das isenções mais generosas do mundo. Desde 2016, itens de até US$ 800 entravam no país sem inspeção ou imposto. Essa política impulsionou o crescimento de empresas como a Shein, que envia grande parte de seus produtos diretamente da China.
Em 2023, mais de 1 bilhão de pacotes se beneficiaram dessa brecha, número seis vezes maior do que uma década antes. Agora, esse fluxo enfrenta barreiras inéditas.
Impacto econômico direto na China
O fim da isenção também tem efeitos fora dos EUA. A China exportou US$ 240 bilhões em produtos diretamente ao consumidor global no último ano, sendo 7% das vendas externas do país. Segundo a corretora Nomura, a nova regra pode reduzir o PIB chinês em até 0,2 ponto percentual.
Setores mais afetados incluem vestuário, eletrônicos de consumo, produtos de beleza e decoração doméstica. A tendência é de impacto ainda maior se Europa e Sudeste Asiático adotarem medidas semelhantes.
Reação das empresas e cenário futuro
A Shein, um dos maiores nomes afetados, não se pronunciou oficialmente. Em 2023, a empresa havia pedido uma revisão na política americana, alegando necessidade de “campo de jogo justo”.
Enquanto isso, empresas como a Amazon tentam se adaptar. A gigante americana criou o Haul, um serviço que usava a isenção para concorrer diretamente com as plataformas chinesas.