O comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos bateu um novo recorde histórico no primeiro trimestre de 2025. De acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), a movimentação total entre os dois países alcançou US$ 20 bilhões entre janeiro e março. Esse resultado representa um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse avanço surpreende, principalmente, por ter ocorrido em um momento de fortes tensões comerciais. O governo norte-americano anunciou recentemente novas tarifas sobre aço e alumínio, o que impactou diretamente produtos brasileiros. Ainda assim, os números mostram que a relação econômica entre os países continua sólida.
Mais importações que exportações
Apesar do desempenho positivo, o Brasil importou mais do que exportou no período. As exportações para os EUA somaram US$ 9,65 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 10,3 bilhões. Com isso, o país teve um déficit de US$ 654 milhões na balança comercial com os norte-americanos.
Ainda assim, especialistas veem o resultado como um sinal positivo. A indústria brasileira exportou bens com maior valor agregado, especialmente nos setores de tecnologia e energia. Isso reforça a competitividade nacional mesmo em um ambiente mais hostil.
Produtos brasileiros em destaque
Diversos produtos brasileiros tiveram desempenhos expressivos no trimestre. Entre os maiores crescimentos estão:
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Sucos: aumento de 74,4%
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Óleos combustíveis: alta de 42,1%
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Café não torrado: crescimento de 34%
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Aeronaves: avanço de 14,9%
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Semiacabados de ferro ou aço: alta de 14,5%
Um dado curioso é a inclusão da carne bovina entre os dez principais produtos exportados para os EUA. Com um salto de 111,8%, ela conquistou a 9ª posição no ranking de vendas.
Importações seguem puxadas por tecnologia e energia
Do lado das importações, o Brasil trouxe dos EUA principalmente bens manufaturados, que representaram 89,2% do total. Os maiores destaques foram:
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Máquinas e equipamentos
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Medicamentos
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Petróleo bruto, com alta de 78,3%
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Equipamentos de processamento de dados
Enquanto isso, as importações de gás natural apresentaram queda, refletindo uma menor demanda no início do ano.
Diplomacia e cooperação ainda contam
Mesmo com o cenário de instabilidade gerado pelas tarifas, a Amcham Brasil reforçou a importância de manter diálogo aberto entre os setores público e privado. Segundo a entidade, garantir previsibilidade e segurança jurídica é fundamental para o futuro da relação bilateral.
O presidente da Amcham, Abrão Neto, defendeu que o comércio entre os países continue gerando empregos, inovação e desenvolvimento. Ele também destacou que, mesmo com tensões, o Brasil e os EUA seguem como parceiros estratégicos.