
As exportações da China deram um salto inesperado em março. O avanço refletiu uma movimentação estratégica de fábricas que correram para enviar produtos aos Estados Unidos antes da nova rodada de tarifas anunciada por Donald Trump.
Exportadores aceleram embarques
Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, as exportações cresceram 12,4% — o maior índice em cinco meses. O dado surpreendeu analistas, que esperavam um avanço muito mais tímido. Nos dois primeiros meses do ano, o crescimento havia sido de apenas 2,3%.
Essa aceleração está diretamente ligada ao anúncio de novas tarifas impostas pelos EUA, que começaram a valer em abril. A partir de agora, diversos produtos chineses enfrentarão impostos de até 145% ao entrarem no território americano.
Superávit bilionário preocupa Washington
O movimento chinês não apenas reforçou a importância das exportações na economia do país, como também elevou o superávit comercial com os EUA. No primeiro trimestre, esse saldo atingiu US$ 76,6 bilhões, um aumento em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse número acendeu um novo alerta na Casa Branca. O presidente Donald Trump tem como uma de suas metas reduzir o déficit comercial americano, especialmente em relação à China, que ele considera um parceiro “desleal”.
Importações em queda revelam fragilidade interna
Apesar do desempenho positivo nas exportações, a China apresentou sinais de fragilidade no consumo interno. As importações caíram 4,3% em março. A retração foi maior que a esperada e reforça a dificuldade de recuperação econômica do país após a pandemia e a crise imobiliária.
Produtos como soja, carvão e minério de ferro apresentaram quedas significativas. Especialistas apontam que as importações agrícolas vindas dos EUA praticamente desapareceram, indicando um boicote silencioso motivado pela disputa comercial.
Mercado responde com cautela
Mesmo com os dados positivos de exportação, os mercados reagiram com cautela. A instabilidade causada pelas decisões unilaterais de Trump ainda pesa sobre as bolsas. O índice CSI300, principal da China, subiu apenas 0,3%, influenciado por especulações sobre isenções pontuais em setores como eletrônicos.
Xi Jinping promete resistir
O governo chinês deixou claro que não pretende recuar. O presidente Xi Jinping afirmou, em reunião recente com o premiê da Espanha, que “a China resistirá a qualquer forma de intimidação econômica”. Ele defendeu um posicionamento coordenado com a União Europeia para enfrentar as políticas de Washington.
Previsões revisadas para baixo
O impacto da guerra comercial já afeta as previsões econômicas. O Goldman Sachs e o Citibank reduziram suas estimativas de crescimento do PIB chinês para 2025. Ambas ficaram abaixo da meta oficial de 5% anunciada por Pequim.
Além disso, a Organização Mundial do Comércio (OMC) alertou que essa disputa pode cortar em até 80% o fluxo de mercadorias entre as duas potências. O órgão teme efeitos colaterais severos sobre o comércio global.