Em um movimento que surpreendeu aliados, mercados e até membros do próprio governo, Donald Trump suspendeu, por 90 dias, o plano de aumentar tarifas sobre dezenas de países. Até então, a Casa Branca reforçava o discurso de que não haveria flexibilização.
A mudança veio após uma semana turbulenta nos mercados financeiros, com queda nos títulos e críticas internas ao governo. O anúncio foi feito sem aviso prévio, por meio de uma postagem no Truth Social, plataforma pessoal do ex-presidente.
Estratégia ou recuo?
Apesar das declarações públicas, o recuo foi visto por muitos como uma tentativa de negociação. Assessores próximos afirmaram que a estratégia sempre incluiu uma pausa antes de conversas bilaterais. No entanto, a súbita guinada reforça a percepção de que Trump atua de forma imprevisível, utilizando o fator surpresa como tática.
O assessor comercial Peter Navarro celebrou a medida e disse que ela seguia exatamente o plano original. Já a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, destacou que dezenas de países procuraram os Estados Unidos para discutir acordos.
Reação imediata do mercado
A resposta dos mercados foi instantânea. Bolsas subiram, investidores recuperaram a confiança e moedas de países afetados se valorizaram. Mas analistas alertam que a pausa pode ser apenas um respiro momentâneo.
Trump ainda mantém uma tarifa geral de 10%, o que não é irrelevante. Porém, comparado às taxas de 125% anunciadas contra a China, o gesto foi interpretado como um sinal de trégua.
Silêncio e incerteza entre aliados
A falta de detalhes no anúncio inicial causou confusão. Governos de países como México, Canadá e membros da União Europeia aguardaram horas por esclarecimentos. Jornalistas precisaram recorrer a fontes do governo para entender o alcance da medida.
Enquanto isso, o ex-presidente usava a mesma rede social para pedir calma e criticar os que chamava de “panicans” — pessoas que, segundo ele, não compreendem sua abordagem.
A próxima jogada
O recuo não significa uma mudança definitiva. A trégua tem prazo definido e, em 90 dias, os aumentos tarifários podem voltar à mesa. Nesse intervalo, Trump deve intensificar a disputa com a China, onde impôs tarifas mais duras, alinhando-se a uma política já adotada em parte pelo governo Biden.