
A indústria brasileira voltou a frustrar expectativas e registrou nova queda na produção em fevereiro, acumulando cinco meses seguidos sem crescimento. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (2), o setor recuou 0,1% em relação ao mês anterior e apresentou avanço de 1,5% na comparação anual. Apesar da leve alta na base anual, os resultados ficaram abaixo das projeções do mercado, que esperava crescimento de 0,4% no mês e 2,1% no ano.
Cinco meses sem avanço
A queda registrada em fevereiro ocorreu após a estagnação de janeiro e três meses seguidos de retração no final de 2023. Como resultado, o setor industrial opera 15,7% abaixo do pico histórico, atingido em maio de 2011. O gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, afirmou que a perda de ritmo se tornou um padrão e indica um novo comportamento da indústria brasileira.
“Esse menor dinamismo reflete uma mudança estrutural no setor industrial. A queda consecutiva de cinco meses demonstra claramente a perda de intensidade e ritmo”, explicou Macedo.
Juros altos e desafios externos pesam no setor
A política monetária restritiva, com juros elevados, tem sido um dos principais fatores que dificultam a recuperação da indústria. Além disso, a inflação e a depreciação cambial também impactam os custos de produção e reduzem a confiança dos empresários.
No cenário externo, a possibilidade de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos preocupa o setor. O ex-presidente Donald Trump, que busca a reeleição, indicou que pode anunciar medidas de taxação sobre países que cobram impostos de produtos norte-americanos. Caso isso ocorra, pode gerar impacto negativo na exportação da indústria brasileira.
Desempenho dos setores industriais
Os dados do IBGE mostraram que a queda foi generalizada entre as atividades industriais. Entre os setores com piores desempenhos, destacam-se:
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: -12,3%
- Máquinas e equipamentos: -2,7%
- Produtos de madeira: -8,6%
- Veículos automotores: -0,7%
- Equipamentos eletrônicos e ópticos: -1,5%
A produção de bens de consumo também apresentou recuo, com destaque para a queda de 3,2% nos bens de consumo duráveis.
Por outro lado, houve aumento na produção de bens de capital e bens intermediários, ambos com alta de 0,8%.