O governo brasileiro iniciou nesta sexta-feira (14) uma rodada de negociações com representantes dos Estados Unidos para discutir a recente imposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, gerou forte reação entre empresários e autoridades do Brasil, que agora buscam uma solução diplomática.
Impacto da medida e reação do governo
O Brasil é um dos principais fornecedores de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. Em 2024, as exportações do setor para o mercado norte-americano totalizaram US$ 4,6 bilhões. Com a nova taxação, empresários temem queda na competitividade e redução das vendas para o exterior.
O governo classificou a decisão como “injustificável e prejudicial”, mas descartou qualquer tipo de retaliação imediata. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que a prioridade é manter um canal de diálogo aberto com Washington para evitar conflitos comerciais mais amplos.
Já o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, destacou que o Brasil tem um histórico positivo de negociações e que seguirá apostando em uma abordagem construtiva. “A solução está no diálogo. Precisamos buscar um entendimento que beneficie ambos os lados”, afirmou.
Alternativas em discussão
O governo brasileiro avalia diferentes estratégias para lidar com a situação. Entre as possibilidades, está a abertura de um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), algo já mencionado pelo Ministério das Relações Exteriores.
Além disso, foi criado um grupo de trabalho entre Brasil e EUA para aprofundar as discussões sobre política comercial e tentar amenizar os efeitos das tarifas.
Pressão do setor privado e possíveis consequências
O setor industrial também se mobilizou diante da decisão de Trump. O Instituto Aço Brasil acredita que o governo deve intensificar o diálogo para tentar reverter a medida, como ocorreu em 2018, quando o ex-presidente norte-americano impôs barreiras semelhantes.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a falta de consideração dos EUA pela relação comercial com o Brasil. Segundo a entidade, a medida representa um retrocesso nas relações bilaterais e pode prejudicar uma parceria econômica de longa data.
Enquanto isso, economistas alertam para possíveis desdobramentos no mercado internacional. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um estudo que prevê um leve impacto negativo no PIB brasileiro, estimando uma redução de 0,01% devido à nova taxação.