
A economia brasileira avançou pelo segundo ano consecutivo em 2024, superando as previsões iniciais do mercado. Apesar do ritmo de expansão positivo, especialistas apontam sinais de desaceleração para o próximo ano, com desafios no cenário interno e externo.
PIB acima das expectativas
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu cerca de 3,5% em 2024, de acordo com estimativas do governo federal e do Banco Central. A previsão do mercado financeiro também acompanhou esse otimismo, projetando 3,49% de crescimento. O desempenho superou as expectativas iniciais, que no início do ano giravam em torno de 1,75%.
Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços, pelo aumento do consumo das famílias e pelo forte volume de importações. O investimento público também teve papel relevante, estimulando a atividade econômica.
Desafios no horizonte
Apesar dos bons resultados, o último trimestre de 2024 mostrou sinais de perda de fôlego. O crescimento desacelerou para 0,6%, abaixo dos trimestres anteriores. Esse movimento reflete o impacto dos juros elevados, que se mantiveram acima de 10% ao longo do ano.
O economista Alex Agostini, da Austin Rating, explica que esse movimento era esperado e ajuda a promover um “pouso suave” da economia, evitando pressões inflacionárias excessivas. No entanto, ele alerta que alguns fatores internos e externos podem trazer riscos adicionais para 2025.
2025 pode ter crescimento menor
Para o próximo ano, os especialistas preveem um crescimento mais modesto, na faixa de 1,5%. Entre os fatores que podem influenciar esse resultado estão:
- Política monetária restritiva, que limita o consumo e os investimentos;
- Endividamento elevado das famílias, reduzindo o poder de compra;
- Desvalorização do real, que pode impactar a posição do Brasil no ranking das maiores economias;
- Efeitos do “tarifaço” de Trump, que podem afetar as relações comerciais e a economia global.
Segundo analistas da XP Investimentos, a tendência é que o ritmo de crescimento continue desacelerando ao longo do próximo ano. Mesmo assim, o Brasil deve se manter entre as dez maiores economias do mundo.
Inflação segue como desafio
A inflação segue como um dos principais desafios para 2025. A reaceleração dos salários, aliada à resiliência do crédito, pode manter a demanda aquecida. Além disso, possíveis novos estímulos fiscais por parte do governo podem exercer pressão sobre os preços.
O economista Bruno Martins, do BTG Pactual, alerta que se medidas de estímulo forem implementadas, o impacto pode ser uma nova alta na inflação, dificultando a política de controle do Banco Central. “Se isso acontecer, a economia pode acelerar novamente, mas com efeitos colaterais”, explica.