Crise no consumo europeu persiste e varejo acumula quatro meses de retração

As vendas no varejo da zona do euro voltaram a cair em janeiro, contrariando previsões de crescimento e reforçando sinais de fraqueza na economia. Segundo dados divulgados pelo Eurostat nesta quinta-feira (6), o volume de vendas no setor varejista recuou 0,3% em comparação com dezembro, frustrando a expectativa de um leve avanço de 0,1%.

Queda persiste e preocupa analistas

Este é o quarto mês consecutivo em que o setor registra retração ou crescimento nulo, consolidando uma tendência negativa que se estende desde o segundo semestre do ano passado. A principal queda foi observada nas vendas de produtos não alimentícios e combustíveis, itens que costumam ser sensíveis a oscilações econômicas.

O consumo era esperado como um dos motores da recuperação econômica do bloco, especialmente após a recuperação dos salários reais, que voltaram aos níveis anteriores à inflação de 2022-2023. No entanto, a expectativa não se concretizou. Famílias seguem cautelosas, priorizando a poupança diante de incertezas globais, como tensões comerciais, a guerra na Ucrânia e a instabilidade na indústria europeia.

Confiança do consumidor ainda não reage

Apesar da queda no varejo, o mercado de trabalho segue aquecido, com níveis recordes de empregos na zona do euro. No entanto, há sinais de alerta: o número de horas trabalhadas tem diminuído e os pedidos na indústria seguem baixos, fatores que podem impactar a confiança do consumidor a longo prazo.

Entre os principais países do bloco, a Alemanha registrou um leve aumento nas vendas, mas França e Itália apresentaram quedas, reforçando o cenário instável para o varejo europeu.

Impactos no Banco Central Europeu

A fraqueza no consumo deve influenciar as decisões do Banco Central Europeu (BCE), que já vinha sinalizando um possível corte nas taxas de juros para estimular a economia. O mercado agora aposta que a entidade seguirá flexibilizando sua política monetária para tentar reverter o quadro de desaceleração.

Mesmo com um crescimento anual de 1,5% nas vendas em comparação a janeiro de 2024, o ritmo de expansão vem desacelerando. No mês anterior, esse avanço foi de 2,2%, e a projeção para janeiro era de 1,9%, números que mostram um enfraquecimento progressivo.