Revista Poder

Após recorde, preço do café arábica despenca

Preços do café podem subir até 25% no Brasil devido à seca e aumento de custos

Café. Imagem: Reprodução / Freepik

Valor da saca caiu após disparada no início do mês, pressionado pelo mercado internacional

Os preços do café arábica tiveram uma reviravolta na última semana de fevereiro. Após atingirem um recorde histórico de quase R$ 2.800 por saca, as cotações entraram em queda, pressionadas pela desvalorização na Bolsa de Nova York. Essa mudança inesperada gerou apreensão entre produtores, especialmente no Brasil, onde a oferta já é considerada restrita.

Oscilações no mercado e queda dos preços

Os contratos futuros para maio abriram a quarta-feira (26) com queda de 0,32%, atingindo US$ 3,7470 por libra-peso. O Indicador Cepea/Esalq, que monitora os preços do café tipo 6, registrou um valor médio de R$ 2.545,30 por saca de 60 quilos, uma redução de 5,7% em relação à semana anterior.

Segundo pesquisadores do Cepea, essa desvalorização ocorreu mesmo diante de uma oferta reduzida no Brasil e dos impactos de ondas de calor nas principais regiões produtoras, o que pode comprometer a safra 2025/26. A queda nos preços foi atribuída a movimentos de realização de lucros e ajustes técnicos após a disparada do início do mês.

Impacto na produção e preocupação com a safra futura

O calor extremo e a falta de chuvas em fevereiro já haviam levantado alertas sobre a qualidade dos grãos. O excesso de calor pode acelerar a secagem do café antes da colheita, comprometendo sua qualidade e reduzindo a produção. Segundo especialistas, as condições climáticas podem afetar ainda mais a próxima safra, impactando a rentabilidade dos produtores.

No campo, cafeicultores relatam dificuldades para lidar com a instabilidade do mercado. “Com os custos de produção elevados, esperávamos que os preços altos se mantivessem por mais tempo”, afirma um produtor do Espírito Santo, estado que lidera a produção de arábica no Brasil.

Exportações seguem em alta, mas mercado observa desafios

Apesar da queda recente, o Brasil continua como líder global na exportação de café. Nos primeiros cinco meses da safra 2024/25, o país exportou 22 milhões de sacas. A demanda externa se manteve aquecida, impulsionada pelo dólar valorizado e pela oferta reduzida no mercado internacional.

Porém, especialistas alertam que o cenário pode mudar caso a desvalorização se intensifique. “Os importadores podem reduzir o ritmo de compras se perceberem oscilações frequentes nos preços”, explica um analista de mercado.

O que esperar para os próximos meses?

Com o clima ainda incerto e o mercado externo influenciando as cotações, o setor cafeeiro deve permanecer atento aos próximos movimentos da Bolsa de Nova York. Especialistas recomendam cautela na negociação e estratégias para proteger os lucros dos produtores, especialmente diante das expectativas para a safra 2025/26.

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