Os radares de velocidade média começaram a ser testados em algumas rodovias brasileiras e já demonstram um impacto positivo no comportamento dos motoristas. Mesmo sem aplicar multas, o novo sistema ajudou a reduzir infrações em trechos de alta periculosidade.
Como funciona o novo modelo de fiscalização
Diferente dos radares convencionais, que registram apenas a velocidade instantânea no momento da passagem do veículo, o novo sistema mede a média de velocidade ao longo de um trecho específico da via. Isso evita que motoristas apenas reduzam a velocidade perto do radar e acelerem novamente logo depois.
O funcionamento é simples:
- O primeiro radar registra a entrada do veículo no trecho monitorado.
- O segundo radar, instalado alguns quilômetros depois, marca a saída.
- Com base no tempo percorrido entre os dois pontos, o sistema calcula a velocidade média do veículo.
Se a velocidade média for maior que a permitida, o motorista poderá ser autuado – mas, para isso, o sistema ainda precisa ser regulamentado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e incluído no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Resultados já mostram queda nas infrações
Mesmo sem a aplicação de multas, os radares estão sendo usados em campanhas educativas. Na BR-050, em um trecho de 11 km em Uberaba (MG), a concessionária Eco Rodovias registrou uma queda de 22,5% no número de motoristas flagrados acima do limite de velocidade após a realização de blitz educativas.
A abordagem funcionava da seguinte forma: motoristas que passavam acima da velocidade média eram parados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e levados para uma tenda, onde recebiam orientações sobre segurança no trânsito.
Segundo Bruno Araújo Silva, gerente de operações da Eco Rodovias, a experiência demonstrou que muitos desses condutores não seriam multados pelos radares convencionais. Isso porque reduziam a velocidade apenas nos pontos onde os equipamentos estavam instalados e voltavam a acelerar depois.
Projeto de lei pode oficializar o novo sistema
A regulamentação dos radares de velocidade média depende da aprovação de um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados. O texto, de autoria do deputado Jilmar Tatto (PT-SP), propõe a inclusão desse tipo de fiscalização no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Ativistas da área de segurança viária defendem a mudança. Para Ana Carboni, especialista no tema, a fiscalização por velocidade instantânea tem eficácia limitada, pois motoristas podem burlar o sistema reduzindo a velocidade apenas perto dos radares.
Já o Secretário Nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, destaca que a intenção do governo não é apenas aumentar a fiscalização, mas sim reduzir acidentes e reforçar campanhas de conscientização.