Revista Poder

Q&A com Anne Catherine Lips Lilienwald, fundadora e diretora criativa da The Lilie

Anne Catherine _ The Lilie

A moda pode ser muito mais do que apenas tendência – ela pode ser um reflexo de arte, cultura e propósito. É essa visão que guia a The Lilie, marca carioca fundada por Anne Catherine Lips Lilienwald, que une a leveza do Rio de Janeiro ao refinamento da arte francesa. Com um olhar apurado para o artesanal e um compromisso com o slow fashion, suas criações trazem bordados delicados, modelagens sofisticadas e um DNA atemporal. Conversamos com Anne Catherine sobre os pilares da marca, suas influências e o papel da moda no consumo consciente.

 

Como você define o DNA da The Lilie? Quais são os principais pilares que guiam as suas coleções e o processo criativo da marca?

A The Lilie é uma marca 100% autêntica, que valoriza o slow fashion e a produção artesanal, prezando sempre pelo acabamento impecável e pelo uso de tecidos nobres. Nosso processo criativo é guiado por referências culturais, artísticas e arquitetônicas, despertando curiosidade e interesse a cada coleção. Gostamos de contar histórias por meio das roupas, criando peças que vão além do efêmero e carregam significado. A feminilidade está sempre presente, mas de forma moderna e empoderada, conectando-se com mulheres engajadas que valorizam exclusividade e qualidade.

 

Você tem uma forte ligação com a cidade do Rio de Janeiro e com a arte francesa, especialmente de Paris. Como essas influências se refletem no design e nas escolhas de materiais da marca?

O Rio de Janeiro está na alma da The Lilie – a leveza, o frescor e a riqueza cultural da cidade se traduzem em nossas modelagens fluidas, na escolha de tecidos naturais e no olhar apurado para os detalhes. Ao mesmo tempo, minha formação e paixão pela arte francesa trazem um refinamento à marca, seja nos bordados delicados, nas silhuetas bem estruturadas ou na forma como exploramos a luz e a cor. É essa fusão entre o savoir-faire europeu e a energia do Brasil que torna a The Lilie única.

 

A The Lilie tem uma proposta de produção slow fashion e utiliza técnicas artesanais, como bordados feitos à mão. Como você escolhe os artesãos com quem trabalha e qual é o impacto dessas parcerias para a comunidade?

Trabalhamos com verdadeiros artistas, muitos deles de comunidades locais do Rio de Janeiro e outros de diferentes regiões do Brasil. Tenho parcerias de muitos anos com artesãos que dominam técnicas como Richelieu à mão, crochê, bordados com pedrarias e linhas, entre outras. Mais do que simplesmente executar um trabalho, eles dão vida às nossas criações e ajudam a manter vivas tradições artesanais riquíssimas. Essa valorização do feito à mão gera impacto social direto, promovendo inclusão e oportunidades dentro dessas comunidades.

 

Quais são os desafios de criar peças atemporais, e como você garante que suas coleções continuem sendo relevantes para as mulheres contemporâneas? Como você vê o papel da moda em relação ao consumo consciente, especialmente quando se fala em peças que podem ser passadas de geração em geração?

Criar peças atemporais exige um equilíbrio entre inovação e essência. Não seguimos tendências passageiras, mas sempre buscamos novas formas de explorar o artesanal e reinventar técnicas clássicas. Recentemente, por exemplo, desenvolvemos um bordado reutilizando zíperes de forma sustentável. Esse olhar criativo e responsável permite que cada peça da The Lilie tenha longevidade e se torne ainda mais especial ao longo do tempo. Acredito que a moda tem um papel fundamental no consumo consciente – peças bem-feitas e com história são aquelas que realmente valem a pena ser passadas de geração em geração. E esse é o nosso intuito: fazer peças que resistam ao tempo e às tendências.

 

Sabemos que você tem uma formação em arte e história da moda, o que é muito claro nas suas criações. Quais são as inspirações ou movimentos artísticos que mais influenciam seu trabalho no dia a dia?

Minha inspiração vem de diferentes formas de arte, desde pinturas renascentistas até o modernismo, mas também de elementos do dia a dia, como uma textura que vejo em um prédio ou um detalhe em um filme. A arquitetura e o design de interiores também são grandes influências – estou sempre atenta a materiais, estruturas e combinações inusitadas. Minhas coleções costumam trazer referências de momentos artísticos específicos, seja um período da arte ou um movimento cultural, sempre com um olhar novo e autoral.

 

Qual é a sua visão pessoal sobre o que significa ser uma mulher criativa e empreendedora no Brasil hoje? Quais são as maiores lições que você aprendeu ao longo dessa jornada?

Ser uma mulher criativa e empreendedora no Brasil é um ato de resistência e paixão. Exige olhar para os desafios e encontrar caminhos inovadores para seguir em frente. Aprendi que construir algo autêntico leva tempo, mas também traz recompensas únicas – como ver uma ideia ganhar forma e tocar a vida de tantas mulheres. Para mim, empreender é sobre criar com propósito, mantendo sempre o equilíbrio entre a visão criativa e a solidez do negócio. O maior aprendizado foi entender que, quando se trabalha com verdade, tudo flui da melhor forma.

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