Cotação do dólar oscila com novos dados do mercado de trabalho nos EUA

Dólar bate R$ 6 e oscila com incertezas no pacote fiscal
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O dólar iniciou o pregão desta sexta-feira (7) em alta, mas reverteu a tendência após a divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos. O payroll, considerado o principal indicador do mercado de trabalho americano, revelou a criação de 143 mil vagas em janeiro, abaixo das projeções de 170 mil.

A taxa de desemprego, no entanto, caiu de 4,1% para 4%, o que adiciona um novo componente ao debate sobre a economia americana. Esses números influenciam diretamente as expectativas para a política monetária do Federal Reserve (Fed), que monitora de perto os sinais de inflação e crescimento econômico.

Como o payroll impacta o dólar?

Quando os Estados Unidos apresentam um mercado de trabalho aquecido, os investidores tendem a esperar uma política monetária mais rígida, com juros elevados para conter a inflação. Taxas mais altas tornam os investimentos em dólar mais atraentes, fortalecendo a moeda americana em relação a outras divisas.

Por outro lado, um número abaixo do esperado na criação de empregos pode indicar um ritmo mais fraco de crescimento econômico, o que reduz a pressão para novas altas de juros. Esse cenário favorece moedas de mercados emergentes, como o real, uma vez que juros menores nos EUA incentivam a busca por investimentos mais rentáveis em outros países.

Com a divulgação dos números de janeiro, o dólar passou a operar em queda. Às 10h40, a moeda americana recuava 0,09%, cotada a R$ 5,7589. No dia anterior, já havia registrado uma baixa de 0,52%, encerrando a cotação em R$ 5,7638.

Ibovespa segue tendência positiva

Enquanto o mercado cambial ajusta suas projeções, a bolsa de valores brasileira (B3) mantém um movimento de leve alta. O Ibovespa, principal índice acionário do país, registrava um avanço de 0,06%, aos 126.306 pontos, no mesmo horário.

Esse desempenho reflete a reação dos investidores ao cenário externo e também às recentes declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro reforçou sua visão de que o Banco Central precisa agir com equilíbrio para evitar uma recessão ao definir a política de juros.

Haddad critica impacto dos juros altos

Em entrevista à Rádio Cidade nesta sexta-feira, Haddad destacou que o Banco Central não pode “jogar o país em uma recessão” ao elevar os juros sem considerar o impacto na economia real.

O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic para 13,25% ao ano na última decisão, um movimento esperado pelo mercado diante da pressão inflacionária. Mesmo assim, o ministro defende um ajuste mais equilibrado para evitar uma desaceleração excessiva.

“A política monetária precisa ser aplicada na dose certa, assim como um antibiótico. Se exageramos, podemos ter efeitos colaterais graves. Se usamos menos do que o necessário, o problema não se resolve”, afirmou Haddad.