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O impacto do retorno de Donald Trump na cotação do dólar: Perspectivas para 2025

Foto Reprodução Instagram

O retorno de Donald Trump à Casa Branca tem gerado grandes expectativas sobre a evolução da economia global, e uma das questões centrais é o impacto que suas políticas poderão ter sobre a cotação do dólar. O mais recente boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, já aponta uma tendência de dólar forte, com a moeda americana prevista para ficar na faixa de R$ 6 até o final de 2025. Essa expectativa tem como pano de fundo a promessa de medidas econômicas agressivas, especialmente no que diz respeito ao comércio internacional, com implicações diretas no mercado financeiro.

A política comercial de Trump e suas implicações

Um dos pilares da campanha de Trump foi o protecionismo comercial, e a promessa de altas tarifas sobre produtos importados, especialmente da China, continua sendo um dos principais focos de sua política econômica. Embora as tarifas não tenham sido impostas de maneira abrupta logo após sua posse, o decreto assinado no dia 20 de janeiro indica que o governo americano começará a revisar sua política comercial, com o objetivo de identificar práticas desleais de parceiros comerciais.

Entre as medidas já discutidas por Trump, destacam-se as tarifas sobre o México e o Canadá, que poderiam ser elevadas a 25%. Essas tarifas visam, de acordo com o presidente, coibir a entrada de substâncias ilícitas e imigração ilegal nas fronteiras, além de proteger a economia americana. No entanto, a medida também pode gerar efeitos inflacionários, especialmente no setor de consumo, à medida que as empresas repassem o aumento dos custos para os consumidores.

Efeito Cascata: Inflação, juros e impacto no dólar

As tarifas elevadas têm o potencial de gerar um efeito em cadeia que pode afetar diretamente a economia global. O aumento dos preços nos EUA pode forçar o Federal Reserve (FED) a elevar as taxas de juros, o que, por sua vez, atrairia investidores estrangeiros em busca de maiores rendimentos em títulos americanos. Esse movimento pode provocar uma fuga de capitais de mercados emergentes, como o Brasil, em direção aos Estados Unidos, resultando no fortalecimento do dólar.

Estudos do The Budget Lab, centro de pesquisa da Universidade de Yale, indicam que uma tarifa de 10% para todos os produtos importados pelos EUA poderia aumentar a inflação em até 5,1%. O impacto dessas tarifas sobre os consumidores americanos seria semelhante a um imposto sobre vendas, afetando diretamente o poder de compra da população.

A perspectiva para o Brasil

Embora o Brasil não seja o principal alvo das tarifas de Trump, especialistas alertam que a política protecionista pode afetar o país. Durante o primeiro mandato de Trump, o Brasil já enfrentou tarifas sobre o aço e o alumínio, e a situação pode se repetir, especialmente no contexto das tensões comerciais com países como a China. Além disso, o Brasil, como membro do BRICS, pode ser afetado por políticas voltadas para a desvalorização do dólar, especialmente se os países do bloco decidirem adotar moedas alternativas.

Por outro lado, a política fiscal do governo brasileiro também tem influenciado a cotação do real. O aumento da saída de dólares do país em 2024, que chegou a US$ 87,2 bilhões, é um reflexo das incertezas internas, como as políticas fiscais e de gastos públicos, que afastam investidores. Esse movimento contribui para a depreciação do real frente ao dólar, que já perdeu 27,2% de seu valor em relação a outras moedas emergentes.

Expectativas para 2025

O cenário de incertezas globais, amplificado pela política externa de Trump e pelos desafios internos do Brasil, pode manter a volatilidade no mercado cambial. Para 2025, especialistas do Rabobank estimam que o real pode continuar pressionado, com a cotação do dólar ao redor de R$ 5,94. No entanto, a previsão para o valor do dólar também dependerá de como as medidas tarifárias de Trump se concretizarão na prática e do impacto que terão sobre os principais indicadores econômicos.

Com o fortalecimento do dólar nos próximos meses, a economia global provavelmente enfrentará uma série de desafios, desde a inflação nos Estados Unidos até a desaceleração de mercados emergentes como o Brasil. A evolução desses fatores será determinante para a cotação da moeda americana e suas repercussões no cenário financeiro global.

Fonte: BBC Brasil

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