O Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O aumento de 1 ponto percentual foi impulsionado, principalmente, pela valorização do dólar e pela percepção negativa em torno do novo pacote fiscal apresentado pelo governo.
Impacto do câmbio no cenário econômico
Durante as últimas semanas, o dólar registrou uma escalada significativa, ultrapassando a marca de R$ 6. A instabilidade cambial gerou preocupações quanto ao impacto sobre os preços, especialmente em um contexto em que a inflação já apresenta sinais de descontrole. O Copom destacou que, em momentos como este, o repasse do câmbio para os preços pode ser mais intenso.
“A demanda aquecida e a falta de ancoragem das expectativas de inflação amplificam os efeitos da alta do dólar. Vamos acompanhar de perto como isso afetará os preços e a atividade econômica nos próximos meses”, explicou o comitê no documento.
Percepção negativa do pacote fiscal
Outro ponto central na decisão foi a desconfiança dos agentes econômicos em relação às medidas fiscais anunciadas pelo governo. O pacote, apresentado em novembro, não convenceu o mercado, gerando um aumento do risco percebido e pressionando a taxa de câmbio. O Copom ressaltou a importância de maior harmonia entre as políticas fiscal e monetária para estabilizar o cenário econômico.
“A falta de confiança no ajuste fiscal tem impactado os preços dos ativos e as expectativas de inflação. Isso exige uma postura mais contracionista da política monetária”, afirmou o comitê.
Expectativas para o futuro
O Banco Central também sinalizou que novas altas na Selic devem ocorrer nos próximos meses. A previsão é que a taxa alcance 14,25% ao fim do primeiro trimestre de 2025, com ajustes de 1 ponto percentual nas próximas reuniões.
De acordo com o comitê, a decisão de aumentar os juros é essencial para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida. O Banco Central afirmou que o cenário ainda exige cautela, especialmente diante do risco de aumento da dívida pública e do esmorecimento em reformas estruturais.
“O compromisso é com a estabilidade e o controle da inflação. Qualquer flexibilização nesse momento pode gerar novos desequilíbrios econômicos”, reforçou a ata da reunião.