O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, enfrenta uma grave crise política e jurídica após decretar lei marcial na semana passada, o que levou o Ministério da Justiça a proibi-lo de sair do país. Investigado por traição, motim e abuso de poder, Yoon está no centro de um turbilhão que também envolve altos membros do governo e das Forças Armadas.
A medida foi solicitada pelo Escritório de Investigações de Corrupção de Altos Funcionários (CIO), que assumiu a liderança do caso, pedindo a transferência da investigação conduzida pela polícia e pelo Ministério Público. Segundo acusações preliminares, a lei marcial teria sido uma manobra para proteger o próprio mandato de Yoon e sua esposa, a primeira-dama, que enfrenta suspeitas de corrupção.
No último sábado, uma tentativa de destituí-lo no Parlamento fracassou, mas a oposição, liderada pelo Partido Democrático (PD), anunciou que tentará novamente esta semana. Para aprovar a moção de impeachment, são necessários oito votos de parlamentares do Partido do Poder Popular (PPP), legenda de Yoon, além do apoio já consolidado entre os opositores.
Enquanto isso, o PPP tenta avançar com um plano que transferiria temporariamente as funções executivas de Yoon ao primeiro-ministro Han Duck-soo, sem destituir formalmente o presidente. A oposição classifica essa estratégia como inconstitucional e acusa o partido governista de buscar minimizar os danos eleitorais causados pela controvérsia em torno da lei marcial.
Embora Yoon tenha pedido desculpas publicamente e garantido que não repetirá a medida, as tensões continuam altas. O Ministério da Defesa confirmou que o presidente, como comandante-em-chefe, ainda detém controle legal sobre as Forças Armadas, o que tem gerado apreensão. O ministro da Defesa em exercício, Kim Seon-ho, afirmou que não há planos para uma nova declaração de lei marcial, enfatizando que as Forças Armadas não cumpririam ordens semelhantes.
A crise expõe divisões profundas na política sul-coreana e coloca em xeque o futuro de Yoon Suk-yeol no cargo, enquanto manifestações públicas e articulações parlamentares intensificam a pressão sobre o governo.
Fonte: Exame/ Agência Brasil