Por Agenor Duque
Recentemente, uma declaração do deputado português André Ventura, líder do partido de direita denominado Chega, reacendeu debates sobre a reputação internacional do Brasil e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ventura, conhecido por sua retórica polêmica, afirmou que, se chegar ao cargo de primeiro-ministro de Portugal, levará Lula à prisão. A promessa foi feita em uma postagem no X (antigo Twitter), acompanhada de uma foto do atual primeiro-ministro português, Luís Montenegro, cumprimentando Lula durante a reunião do G20, realizada no Rio de Janeiro.
“Se eu for primeiro-ministro, este momento nunca vai acontecer. E, se tiver de ser, levo as algemas para encaminhar o ladrão para a prisão”, escreveu Ventura, em tom provocativo. A postagem foi recebida com reações mistas, mas trouxe à tona um tema recorrente: a polarização em torno da figura de Lula e a percepção do Brasil no cenário internacional.
O Chega, partido liderado por Ventura, tem registrado crescimento expressivo na política portuguesa. Nas últimas eleições, o partido saltou de 12 para 46 cadeiras no parlamento, consolidando-se como uma força de oposição significativa. Essa ascensão reflete tendências globais de fortalecimento de partidos de direita, que frequentemente usam figuras internacionais como Lula para reforçar suas agendas domésticas.
Paralelamente, a derrota do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições municipais de 2024 e o impacto da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos contra Kamala Harris — que contava com apoio de Lula — evidenciam o enfraquecimento da esquerda em diversos cenários políticos. Esses eventos intensificaram críticas ao governo brasileiro e levantaram questionamentos sobre a legitimidade de estratégias políticas usadas pelo PT.
A postura de Ventura é apenas um dos exemplos da deterioração da imagem do Brasil no exterior. Desde a eleição de Lula em 2022, críticas sobre corrupção e problemas de governança têm sido constantes. Embora muitos celebrem Lula como símbolo de resiliência política, outros apontam o passado controverso do líder como um fardo que o país carrega em suas relações internacionais; inclusive o passado recente recheado de condenações em diversas instâncias.
Adicionalmente, um livro recentemente lançado, intitulado O Homem Mais Desonesto do Brasil – A verdadeira face de Luiz Inácio Lula da Silva, promete ser mais um elemento no debate polarizado sobre a figura de Lula. A obra, que alega expor táticas de comunicação e estratégias políticas usadas por Lula ao longo das décadas, foi recebida com entusiasmo por seus críticos e com indignação por seus defensores. Segundo os autores, o livro traz detalhes de supostos escândalos e manobras atribuídas ao presidente, que teriam passado despercebidos ou sido ignorados por setores da mídia e da Justiça.
Com a popularidade em declínio e enfrentando desafios em sua base de apoio, Lula tem enfrentado um momento delicado em seu terceiro mandato. Críticos apontam que a gestão está em “parafuso”, lidando com crises internas e externas. A acusação de Ventura, apesar de simbólica, reflete uma percepção crescente de que o governo Lula está sob intensa pressão, tanto dentro quanto fora do Brasil.
As declarações de Ventura e a repercussão de obras como O Homem Mais Desonesto do Brasil revelam uma verdade inconveniente: o Brasil continua profundamente polarizado, e essa divisão é percebida pelo mundo. Enquanto para uns Lula é um símbolo de luta e progresso, para outros, ele representa uma era de escândalos e desconfiança.
No final, a fala de Ventura é menos sobre o Brasil e mais sobre um jogo político global, onde Lula é tanto vilão quanto herói, dependendo de quem conta a história. Quem tem olhos para ver que veja.