O governo federal enfrenta críticas por ter atrasado o anúncio de medidas fiscais que poderiam conter a alta do dólar e aliviar a inflação. Assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceram que as discussões internas prolongadas atrasaram o momento ideal para implementar o pacote de corte de gastos.
Perda de “timing” prejudica economia
Desde o início do mandato, o governo sinalizou a intenção de controlar as contas públicas e reforçar o arcabouço fiscal. Porém, a demora em alcançar um consenso dentro do Planalto afetou negativamente a economia.
O dólar disparou nas últimas semanas, alimentando pressões inflacionárias que forçaram o Banco Central a endurecer sua política monetária. Como resultado, os juros básicos da economia devem permanecer elevados por mais tempo, frustrando expectativas de redução no curto prazo.
Um assessor próximo ao presidente desabafou: “Perdemos muito tempo para tomar uma decisão necessária, e agora pagamos o preço com juros altos e economia travada”.
O impacto no Banco Central
A situação também muda as expectativas para Gabriel Galípolo, que deve assumir a presidência do Banco Central em janeiro. Inicialmente, o cenário apontava para um ciclo de cortes na taxa Selic, mas o atual contexto sugere que os juros continuarão em alta.
Especialistas afirmam que, se o governo tivesse apresentado o pacote fiscal logo após as eleições municipais, o impacto positivo no mercado já estaria visível. Isso teria reduzido a volatilidade cambial e dado mais previsibilidade à inflação.
O que esperar do novo pacote fiscal
Lula se reúne hoje com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para finalizar as medidas que serão anunciadas nesta terça-feira. O pacote visa enquadrar as despesas públicas nas regras fiscais, limitando o aumento real dos gastos a 2,5%.