Revista Poder

Lula dá recado a Trump e critica negacionismo no G20 no Rio

Lula dá recado a Trump e critica negacionismo no G20 no Rio

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Por Agenor Duque
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou o palco da última reunião do G20, realizada no Rio de Janeiro, para enviar um recado direto ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um discurso enfático, Lula abordou a crise climática e a responsabilidade global no combate ao aquecimento do planeta, reafirmando o compromisso do Brasil com a agenda ambiental.

Ao abrir o evento, Lula chamou a atenção para o papel fundamental das nações ricas no enfrentamento das mudanças climáticas. “Na luta pela sobrevivência, não há espaço para o negacionismo e a desinformação”, declarou. A fala foi interpretada como uma crítica às posições históricas de Trump, que, em diversas ocasiões, descreveu a mudança climática como uma “fraude”.

Apelo à responsabilidade histórica

Lula reforçou a necessidade de que as maiores economias assumam suas “responsabilidades históricas” na redução das emissões de gases do efeito estufa, ressaltando que a crise climática afeta de forma desproporcional os países em desenvolvimento. “Não podemos permitir que a ganância e a inércia prevaleçam sobre a urgência da ação climática. O futuro do planeta depende de decisões tomadas agora”, afirmou.

O discurso veio em um momento de apreensão global diante do retorno de Trump ao cenário político internacional. Durante sua campanha, Trump prometeu desfazer avanços obtidos pela gestão de Joe Biden, como medidas para limpar a matriz energética e cumprir as metas do Acordo de Paris. Ele também defendeu o aumento da extração de combustíveis fósseis e sugeriu uma nova retirada dos Estados Unidos do pacto global sobre o clima, medida já implementada em seu mandato anterior.

Milei e o eco do antiambientalismo

A ausência de Trump no G20 não impediu que sua postura antiambiental fosse representada. O presidente recém-eleito da Argentina, Javier Milei, assumiu a retórica contrária às políticas climáticas progressistas. Conhecido por sua visão de livre mercado e ceticismo em relação às mudanças climáticas, Milei reforçou a perspectiva de que regulamentações ambientais “atrapalham o crescimento econômico”.

A posição de Milei, somada às promessas de Trump, evidenciou as divisões no G20. De um lado, líderes mundiais empenhados em reforçar compromissos climáticos. De outro, vozes que resistem a mudanças estruturais em prol da sustentabilidade.

O Brasil como protagonista ambiental

Durante o evento, Lula buscou projetar o Brasil como um ator central na luta contra a crise climática. Ele destacou o compromisso do país com a redução do desmatamento na Amazônia, avanços na transição para fontes de energia renovável e a recuperação de sua credibilidade internacional após anos de retrocessos.

“Queremos liderar pelo exemplo, mostrando que é possível crescer de forma sustentável e inclusiva. O Brasil não fugirá de sua responsabilidade, mas precisamos que todos estejam comprometidos”, disse o presidente.

O Brasil como voz independente no debate ambiental

Durante o evento, Lula destacou a importância de buscar soluções ambientais equilibradas, que respeitem as diferenças entre as nações e não prejudiquem o desenvolvimento econômico dos países em crescimento. Ele ressaltou o compromisso do Brasil em combater o desmatamento ilegal e fomentar fontes renováveis de energia, mas enfatizou que é preciso evitar políticas que limitem o progresso e a competitividade das economias emergentes.

“Queremos ser parte da solução global, mas sem abrir mão de nossa soberania ou do direito de crescer e gerar oportunidades para nosso povo”, afirmou o presidente. Lula também defendeu que as nações ricas assumam maior responsabilidade pelos impactos ambientais, dada sua longa história de industrialização e consumo intensivo de recursos naturais.

O discurso reforçou o papel do Brasil como um articulador no cenário internacional, buscando promover abordagens pragmáticas que combinem preservação ambiental e desenvolvimento econômico, sem impor custos desproporcionais às nações que ainda estão em processo de expansão de suas economias.

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