Revista Poder

Além do câncer de próstata: conheça outros três tumores mais comuns nos homens

O movimento Novembro Azul foi criado na Austrália, em 1999, por um grupo de amigos que deixavam seus bigodes crescer todo mês de novembro para chamar a atenção da sociedade sobre a importância da saúde do homem.

 

Em 2011, o movimento chegou ao Brasil em forma de campanha, por iniciativa do Instituto Lado a Lado pela Vida, de São Paulo, e logo se disseminou por todo o país.

A campanha dá um enfoque especial à conscientização sobre o câncer de próstata, por ser o mais comum na população masculina, depois do tumor de pele não melanoma. Ocorre que esta não é a única neoplasia que ameaça a saúde do homem.

Conversamos com a médica Rafaela Pozzobon sobre outros três tumores prevalentes na população masculina: pulmão, bexiga e cabeça e pescoço. Certos comportamentos de risco adotados por jovens e adultos contribuem para o desenvolvimento desses cânceres, que podem ser prevenidos com a mudança no estilo de vida.

Quais hábitos favorecem o surgimento desses tumores?

O tabagismo é um grande fator de risco para os cânceres de pulmão e bexiga. Quando associado ao consumo excessivo de bebida alcoólica, esse hábito eleva em até 20 vezes o risco do surgimento do câncer de cabeça e pescoço, que é um termo genérico para designar tumores na boca, nas regiões da orofaringe e nasofaringe, na laringe e nos seios nasais.

Nos últimos anos, as campanhas governamentais têm contribuído para a redução do número de fumantes no Brasil. Mesmo assim, ainda se verificam casos de câncer surgidos por causa do cigarro?

A queda do contingente de fumantes no nosso país é inegável. No entanto, hoje ainda 9,3% dos brasileiros fumam. São quase 20 milhões de pessoas, a maioria homens, segundo dados da pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde.

O tabagismo é responsável por cerca de 80% das mortes por câncer de pulmão, sendo mais da metade em homens. Como esse tumor não apresenta sintomas nas fases iniciais, 70% dos pacientes só são identificados em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e aumenta a mortalidade.

Por isso, o 1º Consenso Brasileiro para Rastreamento de Câncer de Pulmão recomenda a realização anual de tomografia do tórax de baixa radiação para grupos de alto risco para a doença, como pessoas com mais de 55 anos, fumantes e ex-fumantes há menos de 15 anos. Essa medida pode reduzir em 20% a mortalidade da doença, como mostram ensaios clínicos realizados nos Estados Unidos e na Europa.

O hábito de fumar é o principal fator de risco do câncer de bexiga, que, este ano, deve ser diagnosticado em 11.370 brasileiros, dos quais 70% são homens. A doença ocupa a 12ª posição entre os tumores mais frequentes no país, com as maiores taxas de incidência concentradas na Região Sudeste.

Mas a queda no número de fumantes não diminuiu os casos de nenhum tipo de câncer nos homens?

Os especialistas acreditam que essa redução teve reflexos positivos na incidência do câncer de cabeça e pescoço. No entanto, o número de casos desse tipo de tumor continua elevado por causa das infecções pelo Papilomavírus Humano (HPV), que responde por 50% a 80% dos casos de câncer de orofaringe.

A falta de informação leva parte da população, sejam homens ou mulheres, a contrair esse vírus, que é sexualmente transmissível. A maneira mais eficaz de prevenir o câncer de cabeça e pescoço é não fumar, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, praticar sexo seguro e se vacinar contra o HPV.

A vacina é oferecida na rede pública para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além de homens e mulheres até 46 anos que convivem com o HIV, realizaram transplantes ou estão em tratamento contra o câncer. Na rede privada, a imunização pode ser realizada fora dessas faixas etárias.

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