Revista Poder

Mais da metade das crianças em estado de vulnerabilidade não têm acesso à creche

Mais da metade das crianças em estado de vulnerabilidade não têm acesso à creche

Imagem: Reprodução/Antonio Cruz/Agência Brasil

O acesso à educação infantil continua sendo um grande desafio no Brasil, especialmente para crianças em situação de vulnerabilidade social. De acordo com o Índice de Necessidade de Creche (INC), apenas duas em cada cinco crianças vulneráveis estão matriculadas em creches, deixando cerca de 2,6 milhões fora dessa importante etapa educacional.

A realidade das creches no Brasil

O estudo, desenvolvido pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com a Quantis, demonstra que, das 4,5 milhões de crianças de 0 a 3 anos consideradas em situação de vulnerabilidade, apenas 1,9 milhão frequenta alguma instituição de educação infantil. As crianças classificadas nesse grupo vêm de famílias que enfrentam pobreza, estruturas monoparentais, ou têm como cuidadores principais pessoas economicamente ativas, mas sem condições de pagar por creches particulares.

Entre as crianças em situação de pobreza, a realidade é ainda mais alarmante. Aproximadamente 71% delas não têm acesso a uma creche. Isso equivale a mais de 930 mil crianças que poderiam estar recebendo apoio para seu desenvolvimento, mas permanecem fora das instituições.

Fatores que afastam crianças das creches

A escassez de vagas é uma das principais razões que mantêm milhões de crianças fora das creches. Em muitas regiões, a infraestrutura disponível não é suficiente para atender à demanda, o que exige que as famílias aguardem longas filas por uma vaga. Em outras localidades, a distância entre as creches e as residências se torna uma barreira adicional, especialmente para as famílias que não têm acesso a transporte público adequado.

Além disso, o estudo aponta que, em alguns casos, os próprios responsáveis optam por não matricular crianças muito pequenas, preferindo mantê-las sob cuidados familiares. Esse fator, somado ao desconhecimento sobre o direito à vaga, faz com que muitas crianças não ingressem no sistema de educação infantil.

Desigualdade de acesso nas regiões brasileiras

O estudo também revela disparidades regionais significativas no acesso às creches. Em Roraima, por exemplo, 95,4% das crianças em situação de pobreza estão fora da educação infantil, um índice muito acima da média nacional. Já em São Paulo, 54,7% das crianças vulneráveis frequentam creches, um dos melhores índices entre os estados.

Nas capitais, a situação varia drasticamente. Em Campo Grande, 20,7% das crianças vulneráveis estão fora das creches, enquanto em João Pessoa, o índice cai para apenas 1,4%. Essa disparidade reflete as diferenças de investimento e políticas públicas entre os municípios.

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