As plataformas de apostas online atraíram um volume significativo de recursos dos brasileiros em 2024, atingindo a marca de R$ 68 bilhões. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou um estudo apontando que essa destinação elevada de recursos tem consequências preocupantes para a economia, incluindo aumento de dívidas e perdas fiscais expressivas.
O levantamento da CNC destaca que, caso essa quantia fosse revertida para o consumo das famílias, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderia ter um aumento de R$ 55 bilhões, enquanto o Valor Bruto de Produção (VBP) registraria uma alta potencial de R$ 111 bilhões. Adicionalmente, a economia poderia arrecadar cerca de R$ 5 bilhões em impostos, que hoje são perdidos devido à falta de regulamentação específica para as apostas online.
Impacto no endividamento das famílias
Além das perdas econômicas em potencial, a CNC identificou uma escalada no endividamento familiar. Estima-se que 1,3 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes no primeiro semestre de 2024 devido ao vício em jogos de azar, comprometendo a saúde financeira e o poder de compra dessas famílias. O economista Felipe Tavares, da CNC, explica que as apostas online se tornaram uma porta de entrada para o descontrole financeiro, principalmente entre consumidores que já enfrentam a alta dos juros no país.
Tavares enfatiza que modalidades de crédito pessoal, como o consignado e o parcelamento no cartão de crédito, estão entre as mais afetadas pela inadimplência associada ao vício em apostas. “As apostas, associadas ao endividamento em um cenário de juros altos, criam uma situação preocupante para as famílias e o comércio. O impacto desse comportamento atinge não só as finanças domésticas, mas também reduz o potencial de consumo e de movimentação econômica”, alerta o economista.
Regiões mais impactadas
Segundo o estudo, São Paulo é o estado que mais sofre com as consequências econômicas das apostas online, registrando cerca de R$ 1,8 bilhão em perdas fiscais. Outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, também enfrentam perdas significativas, reforçando a necessidade de uma regulamentação que permita ao governo arrecadar impostos e mitigar os impactos das apostas na economia.