A paralisação será uma resposta ao que os funcionários classificam como um desmonte do Inmet
Funcionários do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) planejam iniciar uma paralisação nesta quarta-feira (30). O movimento será em resposta ao que classificam como um desmonte do órgão vinculado ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). A greve deve afetar unidades em sete estados, incluindo São Paulo, e no Distrito Federal.
De acordo com a Folha de SP, o Inmet, prestes a completar 115 anos em 17 de novembro, é o serviço oficial de meteorologia do Brasil. Suas informações apoiam políticas públicas como a Política Nacional de Mudança do Clima. Ela é responsável por fornecer alertas a órgãos de prevenção a tragédias, como a Defesa Civil.
A Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) recentemente enviou uma carta ao ministério e ao Palácio do Planalto alertando para a paralisação de serviços essenciais devido ao orçamento reduzido. Isso afetou áreas como monitoramento meteorológico e atendimento ao público e à imprensa. O documento afirma que o orçamento atual é o menor da história do Inmet, representando cerca de 25% do necessário para operar plenamente.
Orçamento
De acordo com a confederação, o orçamento, que era de R$ 29,1 milhões em 2020, caiu para R$ 11,5 milhões no primeiro semestre deste ano. “Para atender à crescente demanda da sociedade por informações meteorológicas de qualidade e previsões antecipadas de eventos climáticos severos, é necessário um investimento robusto em estrutura, corpo técnico e agilidade, compatíveis com um serviço meteorológico de importância nacional”, diz trecho do documento.
Ismael José César, diretor da Condsef, descreve a situação do Inmet como “dramática”. “Há carência de pessoal e estrutura”, relata ele, que construiu sua carreira no instituto. Em nota, o governo Lula (PT) afirma que está trabalhando para tornar o Inmet mais eficiente, reestruturando o instituto e desenvolvendo um planejamento estratégico.
O ministério, sem mencionar os cortes, informa que está implementando medidas para ampliar o escopo de atuação do Inmet, melhorar a qualidade dos serviços e fortalecer o quadro de servidores. Em dezembro de 2023, o Inmet possuía apenas 27 meteorologistas para alertar estados e municípios sobre os impactos das mudanças climáticas.
A unidade do Inmet responsável pela meteorologia nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul tem apenas quatro servidores de carreira e oito terceirizados — eram dez até dois serem desligados nesta terça-feira (29).
Vagas
Há expectativa de contratar 80 novos servidores em 2025, sendo 40 vagas para meteorologistas. Entretanto, César, da Condsef, acredita que isso é insuficiente para restabelecer o quadro completo do instituto. A carta da confederação ao governo também alerta sobre o fechamento de estações meteorológicas centenárias, reconhecidas pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) como pontos-chave para o monitoramento climático global.
Relata ainda que várias estações estão abandonadas, e muitas estão inoperantes devido à falta de pessoal para coletar dados. Em resposta, o governo afirma estar finalizando a compra de 98 novas estações meteorológicas com um crédito extraordinário de R$ 25 milhões. O ministério também menciona a aquisição, instalação e manutenção de 220 estações automáticas. Além disso, pontuou a construção de uma sala de monitoramento climático, com um investimento de R$ 49 milhões.
Na carta ao Mapa, a confederação destaca o “desconhecimento sobre a importância das estações convencionais em comparação com as automáticas”. Além disso, critica o fechamento das estações convencionais sob a justificativa de modernização e digitalização do instituto. O ministério, em nota, reafirma o compromisso com a evolução institucional e a infraestrutura do Inmet, assegurando a continuidade das operações para atender de forma mais eficiente às demandas da meteorologia no Brasil.